A má fé da resposta de Eduardo Campos sobre aborto
Campos foi a
Aparecida fazer campanha
por Carla Rodrigues, em seu blog,
sugestão de Fátima de Oliveira
O senhor é contra ou a favor do aborto? Era Domingo de
Páscoa. Dia de celebrar ressurreição, renascimento, recomeço. O ex-governador
Eduardo Campos foi à missa no santuário de Aparecida, onde cerca de 25 mil
católicos rezavam numa das datas máximas de seu ritual religioso. Campos foi a
Aparecida fazer campanha. Mas um candidato à presidência numa igreja é alvo
perfeito para esta pergunta que tem atravessado as últimas eleições
presidenciais brasileiras. Ser contra ou a favor do aborto passou a ser a forma
simplista de marcar um candidato como conservador ou progressista. Estamos em
abril, as eleições só acontecem em outubro, mas Eduardo Campos já foi
interpelado pela imprensa.
Em outros tempos, aborto era aquela última pergunta que os
candidatos temiam ter de responder na reta final da campanha. Dos anos 2000 em
diante, com o crescimento da massa de eleitores evangélicos e com o acirramento
da disputa religiosa na política, aborto virou tema obrigatório, e hoje, a
pergunta já é feita desde a largada.
“Não conheço ninguém que seja a favor do aborto”, respondeu
Campos. O truque retórico é cinismo ou má-fé. Ninguém é “a favor do aborto”, no
sentido que os discursos pró-vida tentam caracterizar. Ninguém é, portanto, “a
favor” da morte deliberada de embriões como política de contracepção. A
bandeira de luta das mulheres é a descriminalização do aborto e Campos sabe
disso. Mas a resposta permite que tudo se passe como se fosse um problema
plebiscitário: contra ou a favor?
A má fé da resposta de Campos está no fato de não há quem
faça um discurso “a favor do aborto”, mas sim a favor das mulheres que abortam. CONTINUE LENDO
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