Por Paulo Nogueira,
no blog Diário do Centro do Mundo:
Você pode discordar da porcentagem utilizada por Lula para
definir o que foi o julgamento do Mensalão.
Lula falou em 80% de critérios políticos e 20% de critérios
jurídicos.
O que não dá, a não ser que você seja um fanático
antipetista, um caçador de petralhas, é discordar de que os juízes se pautaram
muito mais pela política do que pela justiça em si.
O julgamento foi político do início ao fim. Você começa pelo
empenho em juntar quarenta réus com um único propósito. Fornecer à mídia –
visceralmente envolvida na politização do julgamento – a oportunidade de usar a
expressão “Ali Babá e os quarenta ladrões”.
Outras coisas foram igualmente absurdas. Por que, em
situações juridicamente semelhantes, Eduardo Azeredo do PSDB percorreu o
caminho jurídico normal e os réus do Mensalão foram direto ao Supremo, sem
chance, portanto, de outras instâncias?
E depois, como classificar a Teoria do Domínio do Fato, que
dispensou provas para condenar?
E a dosimetria, pela qual, numa matemática jurídica
abstrusa, condenados tiveram penas maiores do que o assassino serial da
Noruega?
Num gesto cínico bizarro, o ministro Marco Aurélio de Mello
disse que o STF é “apartidário” para rebater as afirmações de Lula.
Quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington.
Um simples olhar para Gilmar Mendes – que até a jornalista Eliane Cantanhede
num perfil classificou como tucano demais destroi o “apartidarismo”.
O STF se desmoralizou não porque Lula falou nos 80%, mas
pelo comportamento de seus juízes.
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