Por Igor Carvalho, na revista Fórum:
Desde o último domingo (27), a campanha #SomosTodosMacacos,
lançada pelo atacante brasileiro Neymar, tem sido alvo dos movimentos e
ativistas negros, que rechaçam o mote da ação, que se descobriu ter sido criada
por uma agência de publicidade.
O professor da faculdade de Ciência e Letras da Universidade
Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, Dagoberto José Fonseca, também atacou
a campanha, em entrevista à Fórum. “O Neymar pega a banana e induz, através de
uma operação de marketing, milhares de pessoas ao erro, encobrindo inclusive a ação
do Daniel Alves. A partir daí, cabe a qualquer um, em qualquer lugar, informar
que todos nós somos macacos, ele retirou tudo do contexto”, afirmou o docente,
que também é coordenador do Centro de Cultura, Línguas e da Diáspora Negra da
Unesp.
Fonseca exalta a ação de Daniel Alves que, para o professor,
teve uma resposta “sagaz, rápida e original”. “Quando o Daniel come a banana,
ele come a banana e nem olha pra trás, ele deu as costas para o racista, foi
uma resposta efetiva.”
A campanha #SomosTodosMacacos foi rapidamente encampada por
celebridades como Luciano Huck, Xuxa e Ana Maria Braga. A adesão dos artistas
poderia ser melhor aproveitada, segundo Fonseca, mas com uma condição. “Isso só
é possível com o conhecimento cultural, social, político de todo esse processo
histórico de luta contra o racismo.”
Em 2012, o atacante brasileiro já havia sido contestado
pelos movimentos negros quando gravou um videoclipe com o cantor Alexandre
Pires, em que se vestia de macaco. “Ele, o Neymar, se coloca de novo em uma
situação onde ele não se vê, porque o Neymar não se vê como negro. De quem ele
está falando então?”, pergunta Fonseca.
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