Autor: Fernando Brito
A revista Veja, uma espécie de toque de Midas ao inverso,
que transforma em imundície tudo em que toca,
coloca em sua capa a imagem do menino negro, acorrentado a um poste por
um bando de tarados do Flamengo, pergunta “Onde está o Brasil equilibrado, rico em petróleo, educado e
viável que só o Governo enxerga?”.
A Veja merece resposta.
Não para ela, que é muito mais incorrigível que o pequeno
delinquente que lhe serve de carniça.
Porque ela, ao contrário dele, tem meios e modos para
entender o que é civilização, enquanto ele precisa ocupar o tempo arranjando
algum resto de comida para engolir, uma cola de sapateiro para cheirar em lugar
do respeitável pó branco das festas da elite, e uma banca de jornal que lhe
sirva de colchão de lata ou teto de zinco, se chove ou se faz sol.
A resposta à Veja é necessária para que este império de
maldade e seus garbosos centuriões saibam que existe quem não lhe abaixe a
cabeça e anuncie que fará tudo, tudo o que puder, enquanto a vida durar, para
arrancar o Brasil das correntes com que a fina elite e seus brucutus
anabolizados da mídia o amarram no poste do atraso, da submissão, da pobreza e
da vil condição de uma sociedade de castas,
onde eles são a nobreza opulenta.
O Brasil, senhores de Veja, é este negrinho.
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