Por: Fernando Brito
Aécio Neves, tomado do oportunismo eleitoral que o
transtorna, escreve hoje na Folha um artigo que é uma verdadeira “dança da
seca”.
Diz, sem qualquer base técnica, que é “ evidente
vulnerabilidade do sistema (elétrico brasileiro), exposto à pressão das altas
temperaturas registradas, ao declínio dos níveis dos reservatórios e à alta do
consumo.”
Ora, qualquer sistema elétrico do mundo estaria sujeito a
ameaças com a maior estiagem já vivida pelo Sudeste em 40 anos, pelos recordes diários de calor e pela alta
do consumo, embora os níveis dos reservatórias estejam muito acima do que nos
coloque em qualquer situação desesperadora.
Os problemas que tivemos, até agora, se originaram em duas
linhas de transmissão: uma da Taesa, controlada pela Cemig de Aécio-Anastasia,
e outra a Intesa, contrlada pelo Banco BTG Pactual, que é tão amigo de Aécio
que o levou para passar sua lua-de-mel em Nova York, a propósito de fazer uma
palestra a investidores, em outubro passado.
Isso são fatos, não acusações a Aécio de culpa no
acontecimento, é obvio. Este blog faz
questão de não ser primário e oportunista como o senador mineiro, mas dá nome
aos bois.
Quem lê o texto quase chega a imaginar Aécio Neves fazendo
uma espécie de “dança da seca”, ao prever o que acontecerá daqui a 20 dias: “os
reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste terminarão fevereiro com menos de 40% da
capacidade.”
Ora, senador, é claro que a situação não é a ideal, mas está
muito longe de outras, embora a seca no Sudeste esteja anormal.
E o senhor devia dar atenção a isso, porque o reservatório
em pior situação no Brasil não é federal, nem se destina a gerar energia.
É o sistema Cantareira, que está há 20 anos sob a
responsabilidade de governos tucanos e tem, agora, míseros 19,8% de água.
Ou seja: se o senhor está torcendo por uma estiagem que
produza um “apagão” para o governo Dilma, lembre-se que muito antes viria um
“secarrão” para o Governo Alckmin.
Secarrão, aliás, que já está instalado em pelo menos 24
cidades paulistas, hoje.
E aí, como é que o senhor vai se explicar para os paulistas.
Vai dizer que a seca em São Paulo é vontade de Deus e a outra é incompetência
da Dilma?
O senhor devia estar, como estamos todos, torcendo para essa
onda de calor e seca passar e que as águas de março venham, logo e cubram as
que nos faltaram.
Senão, vai ficar parecendo um destes urubus do deserto, os
abutres, torcendo pela seca mais inclemente.
Cuidado, Aécio, porque, com a estiagem, o chuchu é o
primeiro a morrer.
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