domingo, 5 de agosto de 2012

TÚNEL DO TEMPO DOMINICAL - XII


Quinze anos sem Falcão

Por Adilson Simas
                                
            ESTE domingo, dia 5 de agosto, lembra que há quinze anos Feira perdeu um dos seus mais destacados líderes políticos, o ex-prefeito José Falcão da Silva, falecido em 1997, quando estava no exercício do seu terceiro mandato como prefeito da cidade.

            FALCÃO nasceu na Fazenda Cocão, distrito de Mercês, atual Sergí, no Município de São Gonçalo dos Campos, no dia 19 de agosto de 1930 falecendo, portanto, poucos dias antes de completar 67 anos. Hoje, se vivo estivesse, iria completar 82 anos.

            FILHO de Tiburcio Ferreira da Silva e Abadézia Falcão da Silva, aos 10 anos perdeu o pai, passando a ser criado pelos tios Antonio Eloy Costa e Francisca Carolina da Costa, na Vila Mercês, onde inicia os estudos. Aos 12, com os tios, vem morar em Feira.

POR convite do mons. Amílcar Marques, em 1945 entra no Seminário Menor de São José, em Salvador, onde fica até 1949.  De volta estuda no Colégio Santanópolis onde conclui Contabilidade e Magistério Público. Ao mesmo tempo em que faz os cursos leciona Latim, Francês e Português. É estudante do turno noturno.

            Durante o dia trabalha como balconista da loja de sapatos de Antonio Barbosa Caribé. Faz vestibular em 1952, ingressa na Faculdade de Aracaju se transfere para a Ufba em 1959 e é diplomado em 1960. Funcionário concursado do Banco do Brasil, fica na instituição até 1982 quando se aposenta.

            ESTREIA na política em 1962 como candidato a deputado (PR) sem obter êxito. No pleito de 1966, porém, é o mais votado vereador do MDB, integrando a bancada com  Luciano Ribeiro, Noide Cerqueira, Theódulo Junior e outros. Candidato a prefeito no pleito seguinte, assim se despe da câmara:
É a hora do adeus. Não em pranto, mas com a certeza  do dever cumprido...

            EM 1970 é o candidato a prefeito do MDB para um mandato de dois anos. Perde a eleição para Newton Falcão por conta dos distritos, já que na sede obtém expressiva votação. Os mais antigos ainda cantam a famosa marchinha da campanha:
Não adianta pedir, não adianta dá a mão, meu voto é de José Falcão...

DOIS anos depois, em 1972, é eleito prefeito vencendo os dois candidatos da Arena - João Durval e Beto Oliveira. Constrói muitos obras inclusive prédios escolares  acabando com as escolas isoladas da zona rural. Mas quando os adversários diziam que ele abraçou apenas a obra do Centro de Abastecimento  respondia com ironia:
            Quem muito abraça pouco aperta...


            CANDIDATO a deputado federal em 1978 não obtém êxito por conta da pulverização dos votos. Só de Feira são seis: Wilson Falcão e João Durval (Arena), mais  Chico Pinto, Noide Cerqueira,  Roque Aras e o próprio Falcão (MDB). Recolhido na residência da Avenida Sampaio, diz aos amigos que o procuram:
O dia da virada ainda vai chegar...

CHEGA com as eleições de 1982, filiado ao PDS de ACM. A morte de Clériston Andrade, a indicação do feirense João Durval para substituí-lo como candidato ao governo e a divisão do PMDB, sem contar seu próprio carisma  o faz novamente prefeito. Àqueles que estranharam seu alinhamento aos rivais carlistas locais respondeu com sabedoria:
Na política não existem aliados eternos, nem adversários irreconciliáveis.



EM 1990 para surpresa de muitos, ganha afinal para deputado federal, mas dois anos depois, também para surpresa de muitos, não consegue ser novamente prefeito em 1992, eliminado logo no primeiro turno. Tanto para  a vitória de 90 como para  a derrota de 92, Falcão usa a mesma frase de efeito:
Política e mineração, só depois da apuração...

            EM 1996 com a saúde frágil e sem o apoio do grupo de ACM, disputa a prefeitura pela quinta vez e com a adesão da oposição vence o carlista Josué Melo no segundo turno. Nos debates  o velho doente vira um jovem gigante com intervenções ferinas. Faz do candidato pefelista um estranho na cidade, com uma pergunta que entra para o folclore político:
Vossa Excelência sabe onde fica o Ovo da Ema?...
Perguntado  sobre seu programa para o esporte e o lazer, sua resposta causa risos:
Ninguém tem melhor do que o meu. Não é à toa que me chamam  Zé Festinha...
Quando um dos adversários questiona seu estado de saúde, novo delírio na platéia:
Praga de urubu velho não pega em cavalo novo...
E NO MAIS, empossado prefeito, visita uma horta comunitária no Jardim Cruzeiro. Encontra Aloísio Benjamim o  “Sergipe”, que cobra o cargo que lhe fora prometido durante a campanha do segundo turno. Falcão levante a cabeça, lambe os lábios, pisca o olho:
Sergipe, Sergipe, não me venha pra cá com essas conversas de campanha...

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