Quinze anos sem Falcão
Por Adilson Simas
ESTE domingo, dia 5 de agosto, lembra
que há quinze anos Feira perdeu um dos seus mais destacados líderes políticos,
o ex-prefeito José Falcão da Silva, falecido em 1997, quando estava no
exercício do seu terceiro mandato como prefeito da cidade.
FALCÃO nasceu na Fazenda Cocão,
distrito de Mercês, atual Sergí, no Município de São Gonçalo dos Campos, no dia
19 de agosto de 1930 falecendo, portanto, poucos dias antes de completar 67 anos.
Hoje, se vivo estivesse, iria completar 82 anos.
FILHO de Tiburcio Ferreira da Silva
e Abadézia Falcão da Silva, aos 10 anos perdeu o pai, passando a ser criado
pelos tios Antonio Eloy Costa e Francisca Carolina da Costa, na Vila Mercês,
onde inicia os estudos. Aos 12, com os tios, vem morar em Feira.
POR convite do mons. Amílcar Marques, em 1945 entra no
Seminário Menor de São José, em Salvador, onde fica até 1949. De volta estuda no Colégio Santanópolis onde
conclui Contabilidade e Magistério Público. Ao mesmo tempo em que faz os cursos
leciona Latim, Francês e Português. É estudante do turno noturno.
Durante o dia trabalha como
balconista da loja de sapatos de Antonio Barbosa Caribé. Faz vestibular em
1952, ingressa na Faculdade de Aracaju se transfere para a Ufba em 1959 e é diplomado
em 1960. Funcionário concursado do Banco do Brasil, fica na instituição até
1982 quando se aposenta.
ESTREIA na política em 1962 como
candidato a deputado (PR) sem obter êxito. No pleito de 1966, porém, é o mais votado
vereador do MDB, integrando a bancada com Luciano Ribeiro, Noide Cerqueira, Theódulo
Junior e outros. Candidato a prefeito no pleito seguinte, assim se despe da
câmara:
É a hora do adeus. Não em pranto, mas com a
certeza do dever cumprido...
EM 1970 é o candidato a prefeito do
MDB para um mandato de dois anos. Perde a eleição para Newton Falcão por conta
dos distritos, já que na sede obtém expressiva votação. Os mais antigos ainda
cantam a famosa marchinha da campanha:
Não adianta pedir, não adianta dá a mão, meu
voto é de José Falcão...
DOIS anos depois, em 1972, é eleito prefeito vencendo os
dois candidatos da Arena - João Durval e Beto Oliveira. Constrói muitos obras
inclusive prédios escolares acabando com
as escolas isoladas da zona rural. Mas quando os adversários diziam que ele
abraçou apenas a obra do Centro de Abastecimento respondia com ironia:
Quem
muito abraça pouco aperta...
CANDIDATO a deputado federal em 1978
não obtém êxito por conta da pulverização dos votos. Só de Feira são seis:
Wilson Falcão e João Durval (Arena), mais Chico Pinto, Noide Cerqueira, Roque Aras e o próprio Falcão (MDB). Recolhido
na residência da Avenida Sampaio, diz aos amigos que o procuram:
O dia da virada
ainda vai chegar...
CHEGA com as eleições de 1982, filiado ao PDS de ACM. A
morte de Clériston Andrade, a indicação do feirense João Durval para substituí-lo
como candidato ao governo e a divisão do PMDB, sem contar seu próprio carisma o faz novamente prefeito. Àqueles que estranharam
seu alinhamento aos rivais carlistas locais respondeu com sabedoria:
Na política não
existem aliados eternos, nem adversários irreconciliáveis.
EM 1990 para surpresa de muitos, ganha afinal para deputado
federal, mas dois anos depois, também para surpresa de muitos, não consegue ser
novamente prefeito em 1992, eliminado logo no primeiro turno. Tanto para a vitória de 90 como para a derrota de 92, Falcão usa a mesma frase de efeito:
Política e
mineração, só depois da apuração...
EM 1996 com a saúde frágil e sem o apoio do grupo de ACM, disputa
a prefeitura pela quinta vez e com a adesão da oposição vence o carlista Josué
Melo no segundo turno. Nos debates o
velho doente vira um jovem gigante com intervenções ferinas. Faz do candidato pefelista um estranho na cidade, com uma pergunta que entra para o folclore
político:
Vossa Excelência sabe
onde fica o Ovo da Ema?...
Perguntado sobre seu
programa para o esporte e o lazer, sua resposta causa risos:
Ninguém tem
melhor do que o meu. Não é à toa que me chamam
Zé Festinha...
Quando um dos adversários questiona seu estado de saúde,
novo delírio na platéia:
Praga de urubu
velho não pega em cavalo novo...
E NO MAIS, empossado prefeito, visita uma horta comunitária
no Jardim Cruzeiro. Encontra Aloísio Benjamim o
“Sergipe”, que cobra o cargo que lhe fora prometido durante a campanha
do segundo turno. Falcão levante a cabeça, lambe os lábios, pisca o olho:
Sergipe, Sergipe,
não me venha pra cá com essas conversas de campanha...
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