quarta-feira, 21 de março de 2012

A ESTRADA E O CAMINHO DAS ÁGUAS

Por Paulo Cesar Bastos*
As grandes soluções não podem ser somente obtidas através dos grandes projetos. É importante, estratégica e necessária essa compreensão pela sociedade, organismos técnicos e gestão pública. Existem práticas e/ou técnicas simples e eficazes, comprovadas pela história e pelo tempo, que podem ser aplicadas para captar e armazenar água, permitindo uma inteligente convivência com a seca no Nordeste Brasileiro. Evitar o flagelo é impossível, mas, utilizar a estrada, também, como o caminho das águas poderá ser uma prática de convivência possível.
Em algumas zonas áridas da Austrália, as capas de rolamento impermeáveis das rodovias são utilizadas como implúvios, superfícies para captação das águas das chuvas. Daí, as águas pluviais são direcionadas para reservatórios ao longo dessas vias. Tal procedimento em um país inovador, moderno e desenvolvido é semelhante ao que já se utilizava, milhares de anos antes de Cristo, no deserto do Negev que ocupa mais de 60 % do atual território de Israel. Para inovar não é preciso inventar.
Assim, como engenheiro e sertanejo, vislumbro uma maior utilização das extensas estradas nordestinas como fator importante para a captação e acumulação das águas pluviais. Além dos implúvios, outras práticas já consagradas, como a dos aterros-barragens, deveriam ser mais corriqueiras e não, apenas, eventualmente adotadas. Vale lembrar, também, as construções dos bueiros com os chamados "cachimbos" - caixas coletoras com entrada d’água em nível acima dos tubos de escoamento – que contribuiriam para a acumulação das reservas hídricas.
Complementando tudo isso, a construção de pequenas barragens, em lugar dos pontilhões, nos córregos e riachos das estradas vicinais - técnica conhecida como “passagem molhada”- representaria, também, mais uma forma eficaz e de menor custo para disponibilizar água para o Nordeste Brasileiro. Vamos inovar, avançar e relembrar : água para o sertanejo é sempre milagrosa.

*Paulo Cesar Bastos é engenheiro civil

3 comentários:

  1. Parabens Paulo Cezar, uma reflexão tão brilhante e simples, sem ser simploria, com uma pratica plausivel, o combate a estiagem tm soluçãoe só querer.

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  2. Parabéns, Dr. Paulo Cesar.Infelizmente, tanto a sociedade como os governos não entenderam, ainda, o significado de ações voltadas para a preservação desse precioso bem. Hoje, em comemoração ao Dia Mundial da Água, vi na TV Subaé cobertura de um evento, visitado por escolas, mostrado como exemplo de preservação. Quem apareceu nas imagens? Um órgão público que, sabidamente, destruiu a Lagoa do Subaé (nascente do rio Subaé) e polui, cotidianamente, nosso rio Jacuipe. É hipocrisia demais!
    Ildes Ferreira

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  3. Agradeço a publicação e os relevantes comentários com as ilustres opiniões sobre um importante tema: Água.
    Um cordial abraço sertanejo
    Paulo Cesar Bastos

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