No Blog do Nassif
O atual cenário eleitoral é muito ruim para Serra. Seu favoritismo vai virando pó enquanto as perspectivas de crescimento de Dilma são enormes. Mas a essa altura o PSDB não tem um plano B. É ganhar ou perder com Serra. Trocar de candidato seria um desastre, equivaleria a assumir a derrota. Além do mais, quem aceitaria o desonroso convite de disputar para perder? Aécio já disse que não aceitaria.
Dificilmente aceitará também a vaga de vice na chapa. Esta possibilidade hoje faria do mineiro um herói no PSDB, mas seu êxito eleitoral seria incerto e pouco teria a acrescentar ao próprio Aécio. Candidatos encurralados por números desfavoráveis têm poucas opções. Ou se muda a estratégia ou altera-se o foco.
Para não perder apoios menos convictos, Serra terá que ir para o tudo ou nada. O presidenciável tucano deve se tornar mais agressivo e contundente nas críticas ao governo e ao PT. Vai se despir do jeito paz e amor. Para ele é preferível correr o risco de sair da disputa odiado do que ir mornamente sendo derrotado. Se fosse mais novo, Serra poderia se contentar em sair mais conhecido e sem rejeição. Não é este o caso.
Já oposição como um todo faz outras contas. Em uma eventual derrota de Serra, sua escolha como candidato se revelará um erro desastroso do tucanato. Os adversários da presidente Dilma ficarão sem um pólo de aglutinação claro. As alternativas do PSDB serão mais frágeis. Alkimin é marcado pela derrota em 2006 e não é unanimidade nem no tucanato paulista. Por melhor que se saia a oposição em 2010, dificilmente contará com o que Serra e Aécio representaram nestes últimos quatro anos. Foram governadores muito bem avaliados nos dois estados mais populosos do país.
O PSDB não terá candidato próprio no Rio de Janeiro, Bahia, Ceará e Pernambuco. Não é favorito no Rio Grande do Sul e ainda está mal colocado em Minas. Assim, a vitória de outro partido de oposição em um grande estado pode lhe roubar o protagonismo entre os adversários do governo.
O resultado da conta apresentada é que os tucanos deverão mudar de estratégia e de foco. Se a derrota for provável, será necessário marcar posição com mais agressividade. O PSDB deve deixar claro que continuará sendo o porto dos que estarão contra o governo do PT. Por outro lado, o partido deve passar a mirar com mais ênfase nas disputas regionais, inclusive na distribuição de verbas para campanha. Eleger a maior bancada legislativa da oposição e apostar nas candidaturas mais viáveis a governador deve ser a nova meta PSDBista em 2010. Se Serra conseguir reverter este cenário a ponto de ser eleito, talvez mereça mesmo ser o presidente.
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