segunda-feira, 23 de março de 2009

MEU DEUS! DE NOVO O "ARISTOCRÁTICO" FTC VAI A LEILÃO


Texto lido por este cronista em 2006, depois de mais um aniversário do Feira Tenis Clube. Foi no programa Primeira Página, da Rádio Povo, ancorado pelo jornalista Valdomiro Silva. Minha participação acontecia às quintas-feiras.

QUARTA feira passada esteve aniversariando uma das mais importantes instituições desta cidade.

QUASE despercebido, completou 62 anos de existência o Feira Tênis Clube, também conhecido nos áureos tempos, como o “Aristocrático”.

FOI NA manhã de 8 de dezembro de 1944, que pessoas destacadas da cidade se reuniram no salão nobre da Montepio dos Artistas Feirenses e fundaram a nova instituição inicialmente denominada “Feira de Santana Tênis Clube”.

PRESENTE à reunião Áureo Filho sugeriu e a assembléia aprovou que fosse abreviado para Feira Tênis Clube.

A ENTIDADE surgiu para desenvolver os jogos de salão, os exercícios atléticos, os desportos amadoristas, especialmente a prática do tênis, além de organizar reuniões artísticas, culturais, sociais e mais a criação de uma biblioteca.

A MUITAS personalidades se deve o surgimento do FTC. Três, entretanto, foram os responsáveis maiores pela iniciativa: Ideval José Alves, Newton da Costa Falcão e Antonio Matos.

IDEVAL cuidava da parte financeira. Bem sucedido não pensava duas vezes para financiar o andamento do empreendimento.

NEWTON se encarregava de formar o quadro social. Bem relacionado, buscava sócios até na capital do Estado.

TIDE, como era conhecido Antonio Matos, acompanhava a construção. Empolgado, se transformava ora em mestre de obra, ora em engenheiro.

O TERRENO foi doado pelo prefeito Eduardo Motta, inclusive sugerindo a área atual onde funcionava o campo do gado e que estava sendo desativado do local.

OS PRIMEIROS sócios remidos foram oficializados em janeiro de 1945 e em 1946 foi fechado o quadro de 50 sócios cada um contribuindo com um mil cruzeiros.

TAMBÉM em 1946 a prefeitura concedeu 50 mil cruzeiros para ajudar na construção da sede própria.

PARA tanto o prefeito Carlos Valadares baixou o Decreto Lei 159, também assinado por Edelvito Campelo, que respondia pelo gabinete.

NO MÊS de março, já em 1947, foram admitidos os primeiros sócios efetivos pagando 200 cruzeiros de jóias.

NO MÊS seguinte aconteceu afinal a abertura dos salões sem que houvesse ato oficial. A data, 12 de abril, mês da micareta, na verdade marcava o inicio dos bailes momescos no clube.

ALÉM de Tide Matos, Newton Falcão e Ideval Alves, citados acima, muitos outros passaram pela presidência, todos como amor e dedicação.

ENTRE eles Hermínio Santos, Dazio Brasileiro, Gilberto Meneses, Manoel Contreras, Enádio Morais, Milton Falcão de Carvalho, Osvaldo Torres, Antonio da Costa Falcão, Wagner Mascarenhas, Péricles Valadares, Edward Assis, Paulo Cordeiro, Wilson Pereira, Adessil Guimarães, Dazio Brasileiro Filho, João Marinho Gomes Junior, Mario Sergio Pinto Ferreira, Ricardo Martins, Fernando Rebouças, Djalma Pereira, Eduardo Teles, Raimundo Mendes, Kennedy Cupertino, Coriolano Cerqueira e tantos outros.


TAMANHA a importância do FTC que graças a ele a cidade viu surgir o Clube de Campo Cajueiro que também já não repete as glórias do passado.

POUCOS recordam o episódio, acontecido nos anos 60, numa das aguerridas disputas pela presidência.

A VITÓRIA de Wagner Mascarenhas, vencendo Osvaldo Torres, fez com que os seguidores do derrotado decidissem construir outro clube, nascendo então o CCC.

AO LONGO dos anos o FTC foi peça importante na vida social, esportiva, cultural e artística desta cidade.

GRAÇAS ao Tênis, com suas quadras, seu ginásio de esportes e seu parque aquático, a juventude feirense ganhou espaços para desenvolver diversas modalidades esportivas.

A PRÁTICA desses esportes fez surgir os famosos Jogos Abertos do Interior, aqui reunindo anualmente, sempre no final de outubro e começo de novembro, delegações de várias cidades baianas.

FOI a partir do Tênis que a sociedade viu surgir eventos marcantes como Uma Noite no Hawaí, Broto do Ano, Festa das Debutantes, sem falar dos famosos bailes micaretescos, inesquecíveis festas juninas e o tradicional Reveillon.

SEMPRE disputado e sem prejuízos para o quadro social, nos seus salões aconteceram bailes de formatura, concursos de beleza, convenções comerciais, palestras e assembléias de entidades diversas.

GRAÇAS ao Tênis, com suas boates, a Feira de Santana conheceu os maiores nomes da Musica Popular Brasileira.

TANTAS foram as atrações que podem ser relembradas até por ordem alfabética, como fizera o jornalista Dimas Oliveira ao editar a revista alusiva aos 50 anos do clube.

EM TEMPOS diferentes, no ginásio ou nas suas boates, aqui estiveram se exibindo, Altemar Dutra, Agnaldo Timoteo, Alceu Valença, Ângela Maria, Bienvenido Granda, Cauby Peixoto, Clara Nunes, Cazuza, Chitãozinho & Chororó, Doris Monteiro, Djavan, Emilinha Borba, Elba Ramalho, Eduardo Araújo, Fafá de Belém, Fagner, Gesse, Gonzaguinha, Gregório Barrios, Jair Rodrigues, Joana, Jorge Bem, Jerry Adriane, Lulu Santos, Mayza Matarazzo, Martinha, Nelson Gonçalves, Noite Ilustrada, Orlando Silva, Paulo Diniz, Roberto Carlos, Roberta Miranda, Rosana, Raul Seixas, Rita Lee, Ronnie Von, Rosemary, Sandra de Sá, Vanuza, Zezé de Camargo & Luciano, Wanderléa e Wanderley Cardoso.

INUMEROS também foram os grupos musicais se apresentando para o associado e portadores de transitórios.

Asa de Águia, Bahia Bossa, Beijo, Barão Vermelho, Cassino de Sevilla, Chiclete com Banana, Cor do Som, Engenheiro do Hawaí, Fonte Luminosa, Golden Boys, Os Ingênuos, Kid Abelha, Lafaiete e seu Conjunto, Manifesto, Nenhum de Nós, Olodum, Orquestra Irajá, Paralamas do Sucesso, Pimenta Nativa, Quatorze Bis, Rádio Táxi, Renato e Seus Blue Caps, Titãs, Trio Irakitan, Trio Nordestino e Os Vips.

O CLUBE, já há alguns anos não congrega a cidade em torno de eventos que foram sua marca. Eventos que hoje são apenas lembranças de um passado de glórias.

PARA a crise atual contribuíram não apenas algumas gestões desastrosas. Também uma conjuntura que atingiu outras agremiações, inclusive os grandes clubes sociais da capital.


NA FALTA do que dizer do presente, encerramos lembrando com uma ponta de nostalgia, os grandes bailes de micareta – três por dia, menos no sábado - com a incansável bandinha do Maestro Miro tocando e a gente cantando em volta dos salões grandes sucessos carnavalescos sem jamais esquecer as duas marchinhas do próprio clube:


Onde é e micareta?
É no Feira Tênis Clube!

Ou...

Este ano vou brincar a micareta,
No Feira Tênis Clube
É o clube mais querido da cidade...
Em cores e amizade...

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