Por Paulo Nogueira,
no blog Diário do Centro do Mundo:
A maior questão que emerge deste domingo vem do Rio: chorar
a vitória de Crivella ou comemorar a derrota da Globo?
Uú!
Se eu votasse no Rio, certamente teria optado por Freixo
uma, duas, dez vezes se pudesse. Não formularia nem para mim mesmo a questão
que abre este texto.
Mas, passado o calor das eleições, já dá para discutir o
caso.
Freixo sai forte das urnas. Virou um nome nacional, e tem
amplas chances de se tornar senador em 2018. O tipo de derrota que sofreu é
facilmente superável.
Seu futuro na política está garantido. É um revés com
atenuantes, portanto. Ele será importante na construção do PSOL e na reconstrução
da esquerda brasileira.
Agora: ver a Globo perder em seu reduto não tem preço.
Ah, mas Crivella ganhou, e com ele a Universal. Contraponho
duas coisas. Primeiro: nem tudo é perfeito. Dois: nem a Universal e nem muito
menos Crivella têm o potencial destrutivo da Globo.
Numa inversão demoníaca, o Brasil parece ser hoje uma
concessão da Globo. Ou coloquemos assim: o país parece ser um jornal editado
pelos Marinhos. Consulte cuidadosamente o mapa. O Brasil conserva suas formas,
suas medidas - mas você chega perto e o que enxerga é o Globo, dos editoriais
às colunas de Merval, Míriam Leitão e demais. É o primeiro país no formato de
um jornal. Ou, se você preferir, o primeiro jornal no formato de um país.
Tudo isso posto, e repetindo que votaria cem vezes em Freixo
se pudesse, minha opção seria por comemorar a derrota da Globo.
Num momento como este, a mensagem de que a Globo pode sim
ser batida é preciosa.