quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O MOLEQUE QUE VIROU SENADO E O SENADOR QUE VIROU MOLEQUE

Por Fernando Brito

Assisto agora a sessão do Senado Federal.

Deprimente.

Desfilam os governistas dizendo que “não há outro jeito” diante da crise.

Pois é o “não há outro jeito” que nos levou à crise.

Quando estourou a crise de 2008, disseram que não havia outro jeito senão o arrocho para o Brasil.

Quando Lula fez o contrário e impulsionou a economia, para que o “tsunami” virasse marolinha, disseram que ele era louco e imprudente.

Não é preciso dizer que era louca e imprudente, isso sim, a política inaugurada por Joaquim Levy e seguida – de forma estendida no tempo – por Henrique Meirelles.

Assisto, estarrecido, homens públicos quem, em tese, teriam visão de estado fazendo a comparação simplória das contas do país com a de uma casa, onde se tem que gastar menos do que se arrecada como lei.

Bastaria perguntar, porém, a algum empresário se ele colocou para a frente sua empresa, seu negócio hoje bem sucedido se não contraiu  dívidas, se não investiu naquilo que lhe poderia trazer progresso.

Vejo gente como Cristovam Buarque virar moleque e dizer que vai votar pelos cortes na educação e na saúde porque não podemos cortar de quem ganha com taxas de juros:

Nós precisamos votar essa PEC, porque ela é a PEC do óbvio, não é do teto, não dá para gastar mais. E para passar um recado aos credores, sim, porque tem gente que não gosta, mas são credores, e já tentamos não pagar dívida, o Collor quando fez o sequestro; o Sarney, quando fez moratória e não dá certo, nós vamos precisar passar um recado que traga credibilidade.

Isso, senador, pague-se aos bancos e corte-se das crianças que o senhor diz defender. Elas são nossas credoras, por séculos recusamo-nos a pagar-lhes as dívidas, mas elas podem esperar mais 20 anos, com essa PEC, para que possamos, pelo menos, dar-lhes um pouco que seja.

O senador, já provecto, porta-se como um moleque, mas em compensação vejo Lindberg Faria, que conheci ainda um moleque, portar-se como um Senador, com a dignidade que faltou a Cristovam, que se assumiu um sabujo do capital.

Que não teve uma palavra, sequer, sobre a carga de cavalaria sobre os estudantes de sua UNB, aqueles que lhe deram sustentos e votos.

O senhor é um Magno Malta com doutorado.


A idade não nos acanalha, nos revela, como ao vinho.

Ou ao vinagre.

Senador Cristovam, quem pinta a cara, é o senhor.

E com as tintas da mais canalha hipocrisia.



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