Por Adilson Simas
Viajo no tempo e reencontro aquela terça-feira, 23 de junho, dia a fogueira e véspera do São João de 1981, passados 35 anos.
Viajo no tempo e reencontro aquela terça-feira, 23 de junho, dia a fogueira e véspera do São João de 1981, passados 35 anos.
O forró na porta das lojas
chamava a atenção dos fregueses e aumentava o movimento comercial. Algumas ficaram
famosas no uso desta tática, e entre elas estava o “Mercadão das Malhas”.
Tempo de festa junina, não
faltava o cidadão comum transformado em sanfoneiro para ganhar alguns trocados.
Vestido em trajes típicos era visto na Sales Barbosa, Marechal Deodoro,
Conselheiro Franco, Praças da Bandeira e João Pedreira e outras áreas do centro
Grupos profissionais também
animavam as lojas. Entre estes, se destacava o conhecido “Os Três do Nordeste”,
formado nos anos 60 pelos comerciantes, Francisco de Assis, José Bezerra e José
Miranda.
Vale frisar que já no inicio dos
anos 80 o famoso grupo era contratado para participar de concurso de quadrilhas
promovido pela Secretaria de Turismo. Mas o trio se gabava mesmo era de ser o
responsável pela animação do São Pedro do Feira Tênis Clube.
Outro que despertava a atenção
era comandado pelo motorista Manuel Alves dos Santos que no mês de junho virava
sanfoneiro. Com ele, formando o trio, trabalhavam o fotógrafo José Ferreira da
Silva e o carroceiro Raul Carneiro.
O clima junino fazia a alegria
dos camelôs. No centro, em ruas como a Vitorino Gouveia, eles espalhavam de
tudo: confecções, calçados, flores de papel crepom, chapéus enfeitados – até
mesmo com tranças.
Artigos predominantes nas
calçadas eram os chapéus de palhas. Desde os mais simples, apenas com uma
saudação a São João pintada na aba, aos mais enfeitados ou com abas desfiadas.
Existiam também os chapéus de papel crepom enfeitados geralmente com “areia
prateada” que eram destinados às crianças.
Ainda no colorido das ruas os
vendedores da “sorte”. Envolto em papel crepom em forma de cravos, que as
mulheres compravam para ofertar aos namorados, ou em pequenos arranjos para
cabelos que os homens ofertavam as suas “eleitas”.
Algumas “sortes” nem sempre agradávam
tanto para quem ofertava como para quem recebia. Uma delas, por exemplo, dizia:
“Teu falso príncipe encantado/Que conquistou teu amor/é gabola
inveterado/barato conquistador.
Naquele ano, enquanto a
satisfação era geral entre os camelôs, o mesmo não acontecia com os vendedores
de fogos, instalados ao lado da antiga Avenida Anchieta, próximo a desativada
Estação da Leste, de onde só seriam transferidos muitos anos depois.
“Seo” Gomes Barbosa, como ainda
hoje acontece com seus sucessores, dominava o comercio. Reclamava das
exigências da Policia Técnica, logo acompanhado por outros donos de barracas,
entre eles o saudoso Manuel Nascimento, também conhecido como Mané Panela.
Alegria era no Centro de
Abastecimento, principalmente na área de baixo, em volta do galpão destinado
para hortifrutigranjeiros. O movimento intenso, caminhões chegando a todo
instante, houve uma grande demanda dos gêneros característicos da época.
Mesmo assim os consumidores não
dispensavam a tradicional pechinha em busca de produtos mais baratos,
notadamente os mais procurados como milho verde, laranja e amendoim. Estivessem
sendo vendidos na pedra, nas barracas e nos próprios caminhões.
Sem prejuízos para a rotina da
cidade, as autoridades fixavam normas
para os festejos juninos. Lembrando que “é melhor prevenir do que
remediar”, o comandante Antonio Lopes Filho, do 1º BPM/FS lançou, por exemplo, uma “Campanha de Esclarecimento”.
A nota começava dizendo que “seja
evitada a colocação de qualquer substância inflamável próximo à fogueira ou em
local onde estejam sendo queimados fogos” e que deveria evitar-se soltar balões
na zona urbana e nas proximidades do Cis.
Por sua vez, tomando como base a
semana anterior, Evaristo Leal, encarregado da Estação Rodoviária, previa a
necessidade de colocar 20 ônibus em horários extras para atender as mais de
quatro mil pessoas que sairão de Salvador com destino a Feira de Santana.
Finalmente, no entardecer e
durante toda a noite daquela terça-feira 23, o momento maior da festa que
invadia o feriado do dia 24.
No centro, bairros, subúrbios e na
zona rural, todos os lares exibiam a mesa farta e na frente de cada residência
uma enorme fogueira assando milho, batata e outras iguarias ao som do rádio
tocando músicas que ainda não tinham duplo sentido. Cantemos pois, a música daquele tempo;
Você endoideceu meu coração, endoideceu
Agora o que é que eu faço sem o teu amor?
Agora o que é que eu faço sem um beijo teu? (bis)
Você é como água de caçimba
Limpa, doce, saborosa, todo mundo quer beber
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