Aí
em cima está a reprodução da página 5 da Folha de S. Paulo de 3 de dezembro de
1993, para a qual me chamou a atenção o coleguinha Fernando Molica, autor de
uma das reportagens daquela edição.
Estávamos
em plena CPI do Orçamento.
Já
havia uma “lista da Odebrecht”, com 350 nomes de políticos e governantes que
receberiam propina da empreiteira.
Já
estavam lá nomes que voltaram ao noticiário agora, como o de Geddel Vieira
Lima, ministro de Michel Temer.
Já
existia, claro, um Ministério Público independente, e o Dr. Rodrigo Janot já
tinha nove anos por lá e era Procurador Regional em Brasília.
Como
é, então, que estamos assistindo, 23 anos depois, a “descoberta” da corrupção
política como se fosse a da pólvora?
A
resposta, e todos os cínicos e hipócritas o sabem, é que agora há interesse
político.
Da
mídia, do conservadorismo e do próprio Ministério Público.
Daí
a conversa fiada de que o “lulopetismo” criou a corrupção sistemática.
Sem
desculpas para os petistas que se lambuzaram nela, isso é um grossa mentira,
que qualquer pessoa realmente honesta não pode aceitar.
Muito
menos se pode aceitar que, em nome de um combate à corrupção que nunca antes
foi incentivado por uma governante, a mulher que garantiu a liberdade de
investigação seja deposta por uma camarilha de políticos enfiados até o pescoço, e há décadas, nesta
imundície.
Não
pode haver combate à corrupção com cinismo.
Aliás,
cínísmo é uma corrupção de natureza, no mínimo, moral.
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