São 6h, e os moradores do povoado Moreira, na zona rural de
Palmeira dos Índios (a 130 km de Maceió), no sertão alagoano, já fazem fila
para receber água de um poço artesiano que abastece as cem famílias da
comunidade há seis meses. Mesmo com a água subterrânea salobra, um sistema
dessalinizador instalado no local a purifica e garante água potável a toda
comunidade.
Anunciados como uma das ações do presidente eleito Jair
Bolsonaro (PSL) em parceria com Israel para o Nordeste, os dessalinizadores não
são novidade no sertão e existem em centenas de comunidades do semiárido.
Professor de engenharia química da UFCG (Universidade
Federal de Campina Grande), Kepler Borges França é coordenador do Laboratório
de Referência em Dessalinização --que pesquisa o tema há mais de 25 anos. Segundo
ele, ao longo de 30 anos foram instalados de 3.500 a 4.000 dessalinizadores.
"Mas nem todos estão mais funcionando, não sabemos um número exato",
diz.
França explica que existem pesquisas brasileiras ao longo de
anos que fazem o país dominar várias técnicas modernas de dessalinização.
"Temos a dessalinização por processos térmicos, por energia solar, através
de destilação, por compressão de vapor, de membrana --que é a mais utilizada
mundialmente--, que vêm sendo utilizadas em comunidades. E também temos novos caminhos,
como a membrana cerâmica, que nós da UFCG desenvolvemos", diz.
"Precisamos melhorar, óbvio. Mas o que precisamos é de mais investimento
do governo federal e de órgãos de fomento para incentivar cientistas a
desenvolver tecnologias e deixar de comprar membranas dos gringos, porque isso
deixa mais caro o sistema", afirma. MAIS
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