Por Fernando Brito
O discurso de campanha de Jair Bolsonaro e a sua
inconsistência o colocam diante de uma necessidade: a de não demorar a fazer
barulho com medidas governamentais.Um janeiro vazio de novidades, restrito
a “plano de 100 dias”, “revisão dos atos
governamentais”, “grupos de estudo” e “comissões de alto nível”, serão muito
ruins para o ex-capitão, que elegeu-se com o “prendo e arrebento”.
A tal “Agenda de Governo“, divulgada ontem, é um mero manual
de regras de comportamento de servidores públicos, que poderia estar pronto há
anos, sem que nenhuma linha precisasse ser alterada e, no restante, apenas um
calendário de “reuniões de alinhamento”.
Na apresentação, Ônyx Lorenzoni apela aos futuros dirigentes
estatais que até 10 de abril “seja traçada uma agenda de governo com ações
prioritárias para cada um dos ministérios e, em especial, a seleção de uma
política a ser efetivamente entregue para o povo brasileiro nos primeiros 100
dias de governo”.
Embora seja de se perguntar o que fizeram em 60 dias de
transição, era esperado.
Este é um governo que se elegeu sem programa e vai governar
sem ele, à base de factóides.
Dois meses de transição e tudo o que há como planos são
declarações vagas, como “meter a faca no Sistema S”, leiloar aeroportos (em
2020!) e passar para 10 anos o prazo em que caducam as carteiras de motorista.
Ah, sim: comprar alguma usina de dessalinização de Israel, transferir nossa embaixada
naquele país para Jerusalém, jurar amor a Trump e a Olavo de Carvalho e acabar com a fiscalização sanitária nos
matadouros de gado.
Se esqueci de algo importante, avisem-me.
Parece evidente que não poderá ser essa a música que vai
tocar em janeiro.
Apesar das declarações do General Mourão de que “não haverá
impactos ou pacotes”, é improvável que Bolsonaro não “tuíte” medidas
provisórias até lá.
Quem (sobre) viver, verá.
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