Agora que pus – provisoriamente, ao menos – as coisas no
lugar com o caso da mansão de Paraty Mirim, dá para voltar a falar da Globo
pelo que ela faz de imoral, afora meter-se em negócios daquele tipo.
A reportagem, ontem, no Jornal Nacional sobre a compra dos
pedalinhos dos netos de Lula é das coisas mais deploráveis que já se viu na TV
brasileira.
Os pedalinhos foram comprados três anos depois de Lula
deixar a Presidência. Estão dentro de suas capacidades de pagar. O servidor que
fez a compra está regularmente lotado a seu serviço, na forma de lei
estabelecida antes de seu período na Presidência.
Qual é a notícia? Não há notícia, há uma campanha
publicitária.
Mesmo provocado por uma pseudo-notificação, este blog não
publicou a sentença – reproduzida no Diário Oficial, numa lambança da 15a. Vara
de Família, que deveria tê-la mantido sigilosa – por não haver interesse
público em briga de casal, a não ser no que isso importe sobre negócios
envolvendo bens públicos, como a praia em Paraty Mirim ou o Estádio de Remo da
Lagoa, magnificamente relatado pelo Viomundo.
Qual é o interesse público de dois brinquedos dados de Natal
aos netos de Lula?
O mesmo que possam ter tido os presentes de Aécio a seus
filhos, ou até os de Jair Bolsonaro aos netos. Nenhum e não me importa se quem
foi à loja comprar foi algum de seus secretários.
Mais gastaria, aliás, mandando as crianças à Disneylândia ou
fazendo uma destas tolas festas infantis de encomenda.
Os servidores? Lei nº 7474, de 1986, modificada duas vezes
por Itamar Franco, em 1994, e Fernando
Henrique Cardoso, em 2002. O primeiro incluiu a expressão “apoio” ao lado de
“segurança pessoal” e o segundo aumentou o número (e o valor da remuneração)
destes servidores, incluindo dois com retribuição equivalente a de Chefe de
Gabinete. Segundo o site “Contas Abertas” todos os ex-presidentes faziam uso
deles, em janeiro de 2011, por Itamar Franco.
Nunca houve qualquer exploração do tema, independente de
achar-se justa ou não tal franquia (é
bom lembrar que seguranças trabalham em escala de plantão e em finais de
semana, o que reduz, na prática, a um a
presença deles a cada momento).
Os jornalistas – verdade que muitos deles com prazer – foram
transformados em bisbilhoteiros.
Policiais, em sabujos. Promotores, em demolidores de honra
pessoal.
Faltará muito para que os juízes o sejam, também, e em
feitores da Casa Grande?
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