domingo, 6 de setembro de 2009

TÚNEL DO TEMPO DOMINICAL

O PARQUE E AS EXPOSIÇÕES
ENTRE os eventos do calendário oficial da cidade, está a Expofeira, realizada anualmente no parque João Martins. Ela acontece tradicionalmente em setembro, mas foi realizada pela primeira vez no mês de fevereiro, no ano de 1967, porque naquele mês e ano, a Feira de Santana ganhou seu parque de exposições.

PARA a inauguração do parque, além do ritual de praxe - a benção do padre, a fita cortada, a placa descerrada e os discursos, foi incluída na programação uma exposição de animais para dar maior dimensão ao ato. Hoje pois, um pouco do parque e da primeira Expofeira.

DOTAR a cidade de um local capaz de atrair pecuaristas, expositores e homens de negócios da região, do estado e do país, foi uma idéia conjunta da então Associação Rural de Feira e da Prefeitura Municipal e dos pecuaristas locais em geral.

AINDA não existia o Anel de Contorno, mas como a cidade já se expandia às margens da rodovia Feira-Salvador, optou-se por um terreno nas suas imediações. Dono de uma fazenda nas proximidades, o pecuarista João Martins da Silva (foto), de tradicional família feirense, doou parte do terreno para que nele o parque fosse edificado.

DESSA forma, às margens da BR/324, onde já estava o majestoso Clube de Campo Cajueiro e mais adiante o chamado Núcleo Piloto do Centro Industrial do Subaé com várias unidades começando a se juntar a Indústria Incoveg, surgia o Parque de Exposições, também como mais uma vitrine da Feira de Santana para tantos quantos trafegavam pela movimentada rodovia.

PARA erguer o parque coube aos homens de negócios a doação do material necessário, ficando com a prefeitura a tarefa de pagar a mão de obra. E para acompanhar os trabalhos criou-se uma comissão formada entre outros, pelos pecuaristas Gil Marques Porto (foto), Vicente Leite e Francisco Moreira Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha.

ALÉM de currais, boxes, baias, banheiras e outros espaços indispensáveis para o seu funcionamento, foram construídos amplos e modernos pavilhões. O parque ganhou o nome do pecuarista João Martins da Silva, doador do terreno, e os pavilhões foram batizados homenageando pecuaristas que contribuíram com material de construção.

PARA a grande festa da nossa pecuária, a esta cidade vieram inúmeras autoridades, entre elas o governador Lomanto Junior (foto) que ao lado do prefeito Joselito Falcão de Amorim, presidiu a inauguração do parque e o ato de abertura da primeira Feira de Animais, hoje Expofeira.

A FEIRA aconteceu de 19 a 26 de fevereiro tendo à frente da comissão organizadora o secretário de Agricultura do município, o engº agrônomo Antonio Freitas Costa, o presidente da Associação Rural, Gil Marques Porto e mais Clovis Camalier, Ardson Joel Leal, Vicente Leite (foto) e Silvio Marback.

ENTRE os expositores pioneiros, além dos nomes já citados, vale lembrar Carlos Artur Bahia (foto), Waldir Pitombo, Nestor Duarte, João Mendes da Costa Filho, Francisco Maia e outros, sem falar dos expositores da região.

DE FEIRA e outras cidades, entre os que exibiram bovinos na primeira exposição, estavam Coriolano Carvalho, Armando Lacerda, Nicolau Calmon, Simeão Machado, Décio Carvalho, Martinho Menezes, Francisco Maia e Pedro Calmon.

JÁ ENTRE os expositores de eqüinos, da cidade e da região, destaque para Servilho Carneiro (foto), Haroldo Lima, Higino Carneiro, Aristóteles Carvalho, Edmundo Queiroz, Gerval Peixoto, Rocha Pires, Edmundo Oliveira, Manuel Firmino Lopes e tantos.

ALÉM da exposição com compra, venda e troca de animais, também na primeira Expofeira, há 42 anos, foi intenso o comercio de máquinas agrícolas (foto), pequenas ferramentas empregadas na lavoura e peças de couros para uso dos pecuaristas e fazendeiros.

NOS anos 70 as exposições agropecuárias realizadas no parque feirense já alcançavam dimensão nacional. A cada festa de abertura, além de dirigentes de instituições financeiras como BB, CEF, BNB, os extintos BANEB e DESENBANCO e outras personalidades e instituições, era comum até a presença de ministros da república.

FACE ao sucesso cada vez maior, atraindo inclusive expositores internacionais, naquela década a cidade reivindicou do governador ACM, transformar o espaço feirense no Parque Estadual da Bahia, mas o pedido não foi atendido. No governo seguinte, novo movimento pela estadualização do parque, outra vez sem sucesso. Pior, o governador Roberto Santos (foto), construiu em Salvador o Parque Estadual de Exposições.

MESMO com o parque estadual na capital como mais de uma feira por ano e outros eventos, a cada exposição nesta cidade, aumentava a presença de expositores e de bancos oficiais e particulares com postos instalados financiando os negócios.

POR isso, a partir de Joselito Amorim (foto), em cuja gestão o parque foi inaugurado, até o atual Tarcizio Pimenta com poucos meses de empossado, todos os prefeitos promoveram melhorias e ampliações, motivados pelo crescimento das nossas exposições.

POR terem se revezado no poder por duas décadas, os prefeitos José Falcão e Colbert Martins (foto) deixaram marcas maiores. Tanto assim que em 1999, por iniciativa do vereador Ildes Ferreira, a câmara aprovou uma lei dando o nome dos dois prefeitos as principais vias do parque,
homenagem que se estendeu também a entidades e associações envolvidas com as exposições.

ONTEM e hoje, além dos resultados positivos para a economia da cidade, tempo de exposição é também tempo de alegria e muita festa para a gente feirense. No passado, a alegria dos jovens casais saboreando a macã do amor (foto). No presente, a festa musical reunindo jovens e adultos que vibram com as atrações artísticas que se apresentam no palco armado.

COMO estamos tratando do parque e seus eventos, aproveitamos para sugerir ao governo municipal estudar a possibilidade de reeditar a Expomini. Trata-se da exposição de pequenos animais concebida por José Falcão (foto) no seu ultimo e relâmpago mandato e que o prefeito Clailton Mascarenhas, promoveu ainda em 1997.

E NO MAIS encerramos o tema lembrando a expo de 1992 quando os rodeios ainda se destacavam como uma das atrações para os adultos e os filhotes dos animais também em exposição, eram o atrativo maior da criançada. Naquele ano, o cartaz da festa, espalhado pelo país, foi uma atração à parte. Vestida a caráter, recordo a artista global Lucia Veríssimo (foto) que na época protagonizava na novela “Despedida de Solteiro”, ilustrando a peça publicitária acompanhada de uma frase que dizia:
QUEM convida é esta “vaqueira arretada”...
Aspecto da 1ª Feira de Animais

Um comentário:

  1. NÂO PODEMOS PARAR O TEMPO .INOVAR É PRECISO.

    A mais nova crise financeira internacional tão falada e lamentada foi financeira e especulativa, não tendo sido provocada pelo trabalho e produção.Aí poderá estar para o Brasil, um novo filão.

    Com essa compreensão surge a nova oportunidade para mostrar a capacidade dos produtores e inovar o agronegócio da carne na Bahia. É o momento exato de pensar o futuro e utilizar mais a nossa energia, enquanto o cenário externo é de paralisia. A nossa hora é agora.

    A tradição de pecuária na Bahia, que remonta ao pioneiro e lendário Garcia D’Ávila, tem uma lógica ecovocacional. Com cerca de 2/3 da sua área inserida no semi-árido, o nosso Estado possui, em vários municípios, a pecuária (bovinocultura e/ou ovinocaprinocultura) como a atividade produtiva relevante, às vezes única.

    Feira de Santana, portal do sertão e a maior cidade do interior do estado, por exemplo, deve à força do comércio do gado a partida para o seu estágio atual de município com a economia diversificada.Precisamos inovar e sintonizar na estação do novo tempo.A Expofeira poderá sediar essa nova estação.

    O universo dos produtores do nosso estado compreende desde os criatórios familiares até os grandes rebanhos da pecuária empresarial. Diversificado, o agronegócio da carne na Bahia é uma atividade imprescindível para a geração de trabalho e renda no interior.

    O conceito moderno do agronegócio, vale sempre lembrar, contempla o que fica antes (pesquisa e desenvolvimento, fornecedores de insumos, logística), dentro (produção rural) e depois (agroindústrias, distribuidores e varejo) da porteira.

    O tempo não pára.O mundo mudou.A boiada precisa de uma nova estrada. A inovação é a trilha moderna para um processo de desenvolvimento sustentável e adequado ao cenário competitivo contemporâneo. Poucos , no mundo,podem produzir o boi verde, o brasileiro boi de capim que não disputa os grãos com a alimentação humana.Faz o inverso, do inaproveitável pelo homem , como uma usina viva , transforma-o em alimento.


    Inovação não é um assunto privativo da alta tecnologia, das grandes corporações ou da academia. A visão moderna de fazer o novo, não precisando ser uma invenção, pode ser aplicada a todos os segmentos , inclusive à cadeia produtiva da carne.

    Inovação é, também, repensar a forma de relacionamento entre fornecedores de insumos, pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e o varejo, enfim entre todos os integrantes da cadeia produtiva. O atual cenário de disputa precisa evoluir para o moderno cenário negocial do ganha-ganha, onde todos conseguem a sua correspondente fatia, compartilhando bons resultados, praticando preços justos e viáveis, vendendo para muitos, por muito tempo e por todo o tempo. Não se constrói nada sozinho

    O fomento à inovação deverá vir do poder público, com a nova visão de ser o indutor do desenvolvimento, atuando como o agente da interação e integração das pesquisas universitárias, na agronomia, zootecnia, veterinária, mercadologia, logística e engenharia de alimentos, com os demais elos da cadeia produtiva. A pesquisa e o desenvolvimento sairiam das bancadas, das estantes e das memórias dos computadores para chegar até a sociedade.

    Para esse ou outro conjunto de iniciativas desenvolvimentistas, no entanto, precisam ser bem conhecidas as demandas setoriais. Os integrantes da cadeia produtiva e suas entidades de classe precisam fazer o bom uso da palavra. O bom bezerro , hoje em dia, é o que berra, em alto e bom som.

    Não existem donos da verdade. O espírito deste texto é democrático e de fomento ao debate e intercambio das idéias. O tempo não pode parar e inovar é preciso. Não devemos esperar o amanhã, o futuro é hoje e agora.

    Vamos avançar, com capacitação,cooperação,comunicação,compromisso e confiança .

    PAULO CESAR BASTOS é engenheiro e pecuarista.





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