BANDO ANUNCIADOR
Por Jose Olimpio
- O dia da Confraternização Universal
em nossa cidade era mais completo.
Esperávamos o primeiro dia do ano
com mais entusiasmo. Era o início da Festa de Santana. Às dezesseis horas,
acontecia o Pregão, desfile de caminhões caracterizados de carros alegóricos
pelos artistas da terra, entre eles, Maneca Ferreira e seu eternamente lembrado
CARAVELA.
As bandinhas contratadas pelos
organizadores dos blocos e a Zabumba de Bonfim de Feira animavam o desfile.
Moças e rapazes das tradicionais famílias feirenses brincavam alegres, sem os
excessos hoje tão em voga.
Pregão, o desfile do grande bando
anunciando o início dos festejos em louvor a Santana que se estenderiam por
quase o mês todo.
As festas profanas não ficavam no
Pregão. A Lavagem e a Levagem da Lenha aconteciam na semana final da festa, mas
os bandos anunciadores eram o que mais
mexiam com os jovens, pela originalidade, ingenuidade e pureza de intenções.
Participávamos.
Aconteciam nos primeiros domingos
de janeiro, às quatro e trinta da madrugada, amanhecendo o dia. Os sinos da
Matriz tocavam alegremente e girândolas de foguetes acordavam fiéis ou não, para reverenciar a padroeira da
cidade.
Os blocos vinham de toda parte:
do Pilão, Rua Direita, Rua da Aurora, Marechal Deodoro, Tanque da Nação,
Avenida Senhor dos Passos (um dos mais animados, por sinal), o denominado
anunciador de dona Zizinha Pinto.
Os meninos da época, Oyama, Itamar,
Juthay. Oydema, Miriam Ferreira, hoje, Lobo, Emilson, Dede, Falcão, Denise
Contreiras linda, linda, Lícia Schmidt, Elibia Moreira, Beica, Geraldo
Oliveira, João Macedo e tantos da época, envergando máscaras e disfarces,
ganhavam as ruas rumo a Matriz, naquela alegria contagiante de jovens felizes.
Ocorriam início de namoro quando
se descobria quem era quem por trás das máscaras.
Um fato pitoresco arquivado nos
meus guardados da memória, vem à tona:
uma garota mascarada de pierrot abraçou um jovem na Praça da Matriz e o chamou
pelo nome. Surpreso, pois a máscara dele era de borracha, impossível de ser
descoberto ficou sabendo que fora traído pelo perfume Lancaster que usava havia
uns cinco anos.
Brincaram juntos, ele mascarado e
sem saber a identidade da jovem delicada, carinhosa e boa de corpo. Só tinha um
jeito: pediu um beijo. Como beijar de máscara? Tiraram. Era a namorada de seu
melhor amigo.
Aí, foi um tal de chorar e
beijar, beijar e chorar até a hora da missa.
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