Por Fernando Brito
O Grupo Globo publica hoje uma “emenda constitucional”
determinada por João Roberto Marinho em seus “Princípios Editoriais”, para
disciplinar o uso de redes sociais por seus jornalistas.
Diz lá, no meio de um longo blá-blá-blá que “em sua atuação
nas redes sociais, o jornalista deve evitar tudo o que comprometa a percepção
de que o Grupo Globo é isento. Por esse motivo, nas redes sociais, esses
jornalistas devem se abster de expressar opiniões políticas, promover e apoiar
partidos e candidaturas, defender ideologias e tomar partido em questões
controversas e polêmicas que estão sendo cobertas jornalisticamente pelo Grupo
Globo”.
Se isso fosse seguido nas páginas do jornal, nos textos de
comentaristas e para as reportagens de televisão, era possível que as os
espaços e tempos dedicados à política ficassem em branco.
Desde quando o Grupo
Globo é isento? Nem ele e nem qualquer veículo de comunicação. E é natural que
não sejam, desde que preservem o equilíbrio jornalístico e, sobretudo, sejam
honesto com seus leitores e assumam suas preferências. É assim em todo o mundo
e não poderia ser diferente.
O que é diferente, aqui, é que existe um monopólio de
comunicação exercido pela Globo que, hipocritamente, quer ser percebido (e
confessa) como isento, quando é – e foi, desde que vicejou na ditadura – a mais
importante ferramenta do sistema de dominação da opinião pública.
É, e seu patrono, Roberto Marinho, era o condestável da
República, papel que – com discrição pessoal, reconheça-se – foi herdado pelo
filho João Roberto, que divide com os irmãos a presença na lista dos mais ricos
do país.
Algo que ele imita até no vocativo de “caros companheiras e
companheiros” com que publicamente trata seus empregados, como fazia o
“companheiro Roberto Marinho”.
Nos últimos tempos, a Globo se tornou a grande patrocinadora
da Lava Jato e de seus desígnios políticos. O prêmio máximo do “Faz Diferença”
global entregue por João Roberto a Sérgio Moro, depois a Cármem Lúcia, por
exemplo,jamais foi dado ao brasileiro que mais diferença fez no país nos 15
anos em que a premiação existe, não é. Deram-lhe um de segunda linha, é
verdade, no início de 2004, quando a Globo estava pendurada em dívidas e a mão
do Governo era indispensável para salvar o império.
É que para eles faz mais diferença colocar Lula na cadeia
que tirar 40 milhões de brasileiros da miséria. COMENTÁRIOS
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