Por Fernando Brito
A atitude de João Dória, nas manchetes dos sites, atirando
fora, pela janela do carro, as flores que uma ciclista lhe deu pelo crescimento
das mortes nas marginais tem certamente outras razões além dos eu desprezo pela vida humana. Não, claro, que
ele não as mereça, depois que liberou o
aumento de velocidade nas vias – veja aqui o gráfico da Folha sobre o número de
atendimentos do Samu naquelas rodovias .
Mas o que mexeu com os nervos do rapaz quase sessentão, foi
o resultado do Datafolha, divulgado hoje.
Tocou no ponto G da sua existência.
Doria é um homem que se nutre da própria vaidade e aparecer
como um quase nada na corrida presidencial,depois de sua entrada triunfal no
cenário político, foi um bater de frente com a realidade de sua pouca
significação política.
Afinal, depois de por de joelhos, na mídia, os
“seniores” Aécio Neves e Geraldo
Alckmin, aparecer estatisticamente tão mal quanto eles é de atirar fora o
suéter de cashmère, o macacão de gari e o de pedreiro.
Surgir léguas atrás daquele bronco do Jair Bolsonaro, um
Doria que limpa a boca na toalha e
palita os dentes depois de comer comunistas, então, é mortal para seu ego.
O lugar onde dói ao Doria é a sua razão de viver: a vaidade,
a egolatria.
É por isso que ele dá chiliques.
Doria é uma piada tão ridícula quanto aquilo que a elite
paulistana – que não é um lugar geográfico mais, mas um stupid way of life, que se reproduz em todos os estados –
se tornou.
Eles se acham, creem
que o dinheiro e os chavões
primários que repetem os tornam admiráveis, modelos incontestáveis.
São todos patos da Fiesp, a demonizar o Estado, justo o
Estado que querem dirigir e controlar, por uma única razão: a de não permitir
que alguém o controle em benefício público.
Afinal, não precisamos mais que a caridade, do que algumas
doações de empresa em troca de merchandising, para alcancemos a justiça social,
não é?
A política brasileira não é apenas podre. É uma podriça onde
os vermes usam black-tie.
Comprado em Miami, naturalmente.
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