Por Fernando Brito
Vivemos no império do jornalismo de escândalos e da fofoca,
onde qualquer um, por motivos sabe-se lá quais, pode dizer o que quiser, desde
que seja sobra “a-empreiteira-ajudou-o-amigo-do-sócio-do-filho-do-Lula” e isso
será publicado furiosamente como manchete.
Ontem – veja o post anterior – foi “sei que era da família
do Lula porque o porteiro me disse que era e o rapaz do outro apartamento
também comentou”. Hoje é a incrível história do “material de construção” do
sítio que seria usado por Lula, manchete da Folha.
A ex-dona (ex, não é mais, portanto) de uma modesta loja de
materiais de construção, a Depósito Dias, que você vê aí na foto, diz que
vendeu R$ 500 mil em material para a reforma do sítio. Como os pagamentos eram
entre “R$ 75 mil a 90 mil por semana, em dinheiro vivo”, supõe-se que as vendas
se deram em cerca de um mês e meio.
Não sei se o leitor já teve a experiência de construir um
casa, eu já (toc,toc, toc) tive.
É impossível gastar este valor em uma loja de materiais
básicos de construção como esta, neste prazo.
Qualquer empreiteiro de casinhas de veraneio sabe disso.
xxxxxx
É evidente que isso não prova que a Odebrecht não pagou a
obra, mas igualmente não prova que a pagou e, quando se acusa, é isso o que
precisa ser feito: provar.
O ridículo, porém, é que a história não bate com a lógica.
Afinal, será que a Odebrecht chegou a ser uma das maiores
construtoras do mundo, com filiais em dezenas de países, capaz de fazer
estradas e barragens no meio de desertos e de selvas, comprando do Depósito Dias e sem ter uma
subempreiteirazinha capaz de fazer quatro suítes e uma churrasqueira a seu
pedido? CONTINUE LENDO
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