A morte do burro
"Choque: o asno cai no asfalto
Esta talvez seja a primeira vez que o Fórum Filinto Bastos,
de Feira de Santana, acolhe uma “ação indenizatória” como a requerida pelo
advogado Celso Pereira para um cliente seu que perdeu o seu mais importante instrumente de trabalho: um
burro de carroça.
O burro de Raimundo Ferreira Santana não precisou ser
apanhado pela “carreta” dos matadouros de equídeos (o burro é híbrido do
jumento) para morreu eletrocutado, como seus irmãos. Ele pisou sobre alguns
fios espalhados pelo chão, à rua Senador Quintino, e teve morte imediata,
E Raimundo – afirma o advogado na sua Ação – “zeloso com o
seu falecido asno, promoveu todo o necessário para documentar o passamento do
burro e a causa mortis”, já estava
perdendo ali a maneira de promover o seu sustento.
A “ação equídea” de
Celso Pereira, advogado que foi candidato a vice-prefeito pelo PMDB II, conta a
história do carroceiro, valorizando os préstimo do animal com considerações
bem-humoradas e citação do padre Antonio Vieira extraídas de sua crônica sobre
a importância do jumento, do burro, do
asno enfim, para o homem.
“Pobre carroceiro! – lamenta o advogado. “Assistiu a morte
de seu companheiro de trabalho, o burro. Morte estúpida, triste fim,
eletrocutado”...
(Do texto “Mata o jegue!” de Jânio Rego, na Revista Hoje, de maio de 1984)
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