segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O CAMONIANO PATATIVA

“Saudade dentro do peito | É qual fogo de monturo | Por fora tudo perfeito, | Por dentro fazendo furo.

Há dor que mata a pessoa | Sem dó e sem piedade, | Porém não há dor que doa | Como a dor de uma saudade.

Saudade é um aperreio | Pra quem na vida gozou, | É um grande saco cheio | Daquilo que já passou.

Saudade é canto magoado | No coração de quem sente | É como a voz do passado | Ecoando no presente.”
Patativa só passou seis meses na escola, mas isso não o impediu de ser Doutor Honoris Causa de pelo menos três universidades.
Ele não teve estudo, mas discutia com maestria a arte de versejar e gostava de compor dentro dos limites da métrica e da rima.
Por isso estranhava alguns poetas urbanos que fugiam desse rigor e questionava se não estariam fazendo prosa em vez de poesia, dizendo: “Aquilo é poesia? Aquilo é prosa. Não tem medida, sílaba predominante, não tem tônica e não tem rima! A beleza da poesia é a rima.”
Camoniano, ele também dizia que a perda da visão de um olho, na infância, o deixava mais próximo de Camões; quando lia o poeta luso, brincava: “Hoje li Camões. Sou atrevido”.


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