Por Osvaldo Ventura
Chora
Queimadinha, chora Sobradinho, chora Baraúnas, chora toda a periferia, choram
todos os desportistas de ontem do Estádio Almáchio Alves Boaventura e os de
hoje do Alberto Oliveira. Choram pelo homicídio doloso perpetrado pelos
abomináveis interesses pecuniários que maculam atualmente o futebol brasileiro.
Acaba de ser assassinada, a golpes de capitalismo, mais uma tradicional
instituição de Feira de Santana. Desta feita, um clube de futebol com raízes
fincadas, há mais de setenta anos, no coração, na memória e nos sentimentos de
felicidade coletiva de uma parcela significativa dos desportistas feirenses.
Arrancaram uma página do livro da história da então inocente Princesa do Sertão
(Sorridente como uma criança/ Descuidosa
da sua beleza), e desrespeitaram abnegados
e obstinados defensores das cores azul-marinho e vermelha e branca da septuagenária
equipe. Sim, o capitalismo sem peias acaba de matar o Bahia de Feira, chamado carinhosamente
Tremendão pelos seus aficionados torcedores. Não só isso. Sumiram com o corpo.
Talvez, para apagar quaisquer vestígios capazes de trazer indignação aos
admiradores do falecido. É assim que se comportam os poderosos de plantão
quando desejam apagar a trajetória notável de mitos, heróis e ídolos inesquecíveis,
a fim de evitar romarias a seus túmulos e lamentações inconvenientes.
A
força indomável do capitalismo é useira e vezeira em desprezar valores que não
são traduzidos em lucros imediatos para seus vorazes negócios. Sem compromissos
com instituições, sem pudor para com a sociedade de onde deriva sua razão de
ser e com a qual convive, o capitalismo segue ávido, desconstruindo tudo aquilo
que representa empecilho à singular voracidade de sua natureza. O aguerrido Bahia
de Feira, de tantas alegrias coletivas, está definitivamente morto. Merece um
REQUIEM IN PACE!
Membro da Academia Feirense de Letras
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