Por Nirlando Beirão, na revistaCartaCapital:
A se tomar cultura no sentido amplo que lhe dão os antropólogos – o conjunto de representações simbólicas com as quais se identifica determinado grupo – o câncer do Lula é o acontecimento cultural do Brasil em 2011. Nunca antes neste País uma doença teve o condão de revelar tantos significados emblemáticos e tantas patologias sociais.
Subjacente ao drama pessoal do ex-torneiro mecânico tornado presidente da República reavivam-se crendices, mitos, a mesma intolerância, a mesma intransigência que vêm espreitando cada ato da longa trajetória política de Lula, fazendo borbulhar no caldeirão das mentalidades, elas, sim, doentias, um vingativo contentamento – como se, da mesma forma como ocorre em certos crimes hediondos, a culpa pudesse ser da vítima.
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