domingo, 1 de setembro de 2019

O “MARKETING DA BESTA”


Por Fernando Brito

Quem se der ao trabalho de pesquisar quantos policiais estão condenados e presos pelos massacres do Carandiru, de Eldorado dos Carajás e pela morte, por asfixia de Sandro do Nascimento (o sequestrador do ônibus 174) verá que o tal “indulto da milícia” anunciado por Jair Bolsonaro não visa a libertar os policiais apontados como responsáveis por aqueles crimes.

A razão é simples e de fácil compreensão. Numa busca rápida, verifica-se que quase não há presos por esta razão, exceto um coronel e um major da polícia paraense, isso depois de 16 anos da morte de 29 lavradores que chocou o mundo em 1996.

Portanto, o que Jair Bolsonaro procura quando fala que eles serão os protagonistas de seu indulto, o que visa é outra coisa: produzir, para si mesmo, o marketing do justiceiro, do matador, do “valentão” com cadáveres e assassinos alheios.

É o “marketing da besta”, a estratégia de permanecer no centro das atenções e – para usar a expressão famosa de Roberto Jefferson – “despertar os instintos mais primitivos” de uma parcela da população.

Pouco lhe importa se chocará a maioria ou mesmo que vá despertar indignação mundo afora.

Melhor, até, porque vai ficar como “defensor da independência” brasileira e do nosso direito de “aqui se queima, aqui se mata”.

Promotores, juízes e militares, como babacas que escolheram ser ao elevá-lo à Presidência podem lavar as mãos.

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