Por Fernando Brito
Como facilmente era antevisto ontem, os jornais de hoje
publicam a chamada, com alguns acréscimos: “Lula admite ter ido ver
apartamento”.
“Admite” é uma versão mal disfarçada de “confessa”, que é o
sentido que a palavra tem ali.
Mas usar “confessa” seria evidenciar o absurdo e o nonsense
do que se está fazendo: criminalizar o que não é, nem nunca foi, crime: ver,
pretender comprar, eventualmente comprar aquilo que desejar e pelo qual puder
pagar. E com seu dinheiro, pois ex-presidente sequer pensão pelo cargo recebe,
o que é outra distorção moralista ao revés, pois não lhe permite a opção de não
ter atividade remunerada por empresas ou instituições privadas.
No caso de Lula, chega-se ao absurdo de criminalizar idas a
um sítio e até um barquinho de lata vira “sinal” de favorecimento indevido.
Ontem, Lula chegou ao extremo de transparência que um homem
tem a seu alcance: exibiu, sem ser obrigado, sua declaração de bens à Receita
Federal.
Não adianta.
Convence, com isso, apenas as pessoas que estão fora da
“onda” criminalizante que despejam sobre ele. A mídia, a quem caberia
esclarecer com base nos fatos e nos documentos apresentados, faz o inverso:
trata tudo como “confissão”, “admissão de culpa”.
Culpa de quê? Não importa, culpa.
Se não for disso, é daquilo; se não for daquilo também,
alguma achar-se-á.
Não é preciso provas e nem sequer lógica no fato de que se
trata de um bem ao alcance de quem teve oito anos o salário de Presidente (R$
35 mil, hoje), quem tem aposentadoria, que recebeu, depois de deixar a
Presidência, como dirigente do PT e que se dedicou à única que parece ser a
atividade possível a ex-mandatários do País: o mercado de palestras.
Quem tiver dúvidas, leia a avaliação de George Legmann, que
respondia (não sei se ainda o faz) pela organização das palestras do tucano:
Nenhum comentário:
Postar um comentário