segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

ESQUEÇAM A JUSTIÇA E A MÍDIA. LULA TEM DE SE DEFENDER NA POLÍTICA

Por Fernando Brito

Como facilmente era antevisto ontem, os jornais de hoje publicam a chamada, com alguns acréscimos: “Lula admite ter ido ver apartamento”.

“Admite” é uma versão mal disfarçada de “confessa”, que é o sentido que a palavra tem ali.

Mas usar “confessa” seria evidenciar o absurdo e o nonsense do que se está fazendo: criminalizar o que não é, nem nunca foi, crime: ver, pretender comprar, eventualmente comprar aquilo que desejar e pelo qual puder pagar. E com seu dinheiro, pois ex-presidente sequer pensão pelo cargo recebe, o que é outra distorção moralista ao revés, pois não lhe permite a opção de não ter atividade remunerada por empresas ou instituições privadas.

No caso de Lula, chega-se ao absurdo de criminalizar idas a um sítio e até um barquinho de lata vira “sinal” de favorecimento indevido.

Ontem, Lula chegou ao extremo de transparência que um homem tem a seu alcance: exibiu, sem ser obrigado, sua declaração de bens à Receita Federal.

Não adianta.

Convence, com isso, apenas as pessoas que estão fora da “onda” criminalizante que despejam sobre ele. A mídia, a quem caberia esclarecer com base nos fatos e nos documentos apresentados, faz o inverso: trata tudo como “confissão”, “admissão de culpa”.

Culpa de quê? Não importa, culpa.


Se não for disso, é daquilo; se não for daquilo também, alguma achar-se-á.

Não é preciso provas e nem sequer lógica no fato de que se trata de um bem ao alcance de quem teve oito anos o salário de Presidente (R$ 35 mil, hoje), quem tem aposentadoria, que recebeu, depois de deixar a Presidência, como dirigente do PT e que se dedicou à única que parece ser a atividade possível a ex-mandatários do País: o mercado de palestras.


Quem tiver dúvidas, leia a avaliação de George Legmann, que respondia (não sei se ainda o faz) pela organização das palestras do tucano:

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