Na discussão sobre a Copa, razão e paixão precisam estar divorciadas? É possível conciliar o pensamento crítico e o sentimento emocionado?
Marcelo Weishaupt
Proni
Uma parte influente da grande imprensa no Brasil tem
conduzido o debate sobre a Copa a partir de uma visão de mundo maniqueísta,
estabelecendo dois polos em torno dos quais todos os leitores, ouvintes ou
espectadores devem se posicionar: ou a) é um evento imaculado, capaz de
despertar os melhores sentimentos nas pessoas e cuja realização traz uma série
de benefícios para o País – portanto, é um privilégio que deve ser recebido sem
reservas; ou b) é um evento obscuro, controlado por uma instituição corrupta
que impõe exigências descabidas, marcado por propaganda enganosa e gasto
irresponsável de dinheiro público – portanto, é um engodo cuja conta está sendo
paga pelos contribuintes.
Essa maneira simplista de colocar a questão – opondo
argumentos retirados de uma interpretação estilizada dos fatos e separando a
opinião pública entre aqueles que se declaram totalmente a favor da Copa e
aqueles que assumem uma postura absolutamente contrária ao evento – põe em
dúvida a intenção dos formadores de opinião. Em alguns casos, fica em segundo
plano o respeito à diversidade de opiniões – fundamento do debate público que
deveria animar as democracias modernas –, predominando a manipulação das
discussões para direcionar a insatisfação de amplas parcelas da população. CONTINUE LENDO


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