O maior desafio de
Aécio Neves reside naquilo que fez a convenção do PSDB parecer uma daquelas
tertúlias de aposentados gabolas. O celofane da mocidade mineira talvez seja
insuficiente para conter o cheiro de naftalina que irradia das imagens sempre
que a turma dos anos 90 se junta para renovar o formol do velho projeto. Não há
pastilha Valda que conserte a pigarra da história.
Por Saul Leblon
A convenção do PSDB
que oficializou Aécio Neves como
candidato tucano, no último sábado, foi
tão marcante que o principal destaque
ficou por conta do que não houve.
O partido adiou, mais uma vez, o anúncio do
vice em sua chapa.
A 19 dias de esgotar o prazo para o registro das
candidaturas, o problema de Aécio é saber quem desagrega menos.
Não é uma escolha
fácil.
O repertório vai de
um impoluto Paulinho ‘Boca’, da Força Sindical,
ao demo Agripino Maia, ou talvez o híbrido de pavão e tucano, Tasso Jereissati , ambos,
como se sabe, referências de enorme
apelo popular. Correndo por fora, a
opção puro sangue, Aécio – Serra, reúne
afinidades equivalentes à convergência entre o fósforo e a pólvora.
O dilema não é novo no PSDB. O ex-governador
José Serra viveu problema semelhante em 2010.
A indecisão quanto ao nome que o acompanharia na derrota
para Dilma começou justamente
quando Aécio tirou o corpo fora,
recusando a vaga que hoje oferece ao rival.
Sem opções que agregassem voto, tempo de TV ou base no
Congresso (caso, pelo menos, do marmóreo vice de Dilma, o pemedebista Michel
Temer), Serra postergou a decisão até o limite final, para então
protagonizar o abraço de afogado com um
jovem demo.
Tal qual emergiu, Índio da Costa (DEM-RJ) submergiria para a eternidade do anonimato após a derrota.
A dificuldade com o vice é sintomática da representatividade
dos aliados.
Mas não é o principal obstáculo para ampliar o teto da candidatura
conservadora.
Passada a fase alegre da postulação interna contra rivais
destroçados, Aécio terá que dizer ao país a que veio. CONTINUE LENDO
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