segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOBRE O TERRITÓRIO DA PAZ

Sobre o território da paz Por Ildes Ferreira
Na década de 70 (século passado) a cidade de Nova York (EUA) ocupava o primeiro lugar como cidade mais violenta do mundo. Os índices eram assustadores, porém menores do que os registrados hoje, na Bahia e no Brasil. O governo, representado pelo prefeito da cidade, já que lá a segurança pública é municipalizada, era pressionado pela sociedade por uma resposta. E buscou, em três lugares:

1. No próprio governo, com eficientização das ações policiais - treinamento do efetivo, inteligência e tecnologia – e ações preventivas nos campos da educação, da saúde, do esporte, da infraestrutura etc.; 2. Na sociedade, envolvendo os segmentos organizados na discussão do problema e na busca de soluções; e 3. Nas universidades, onde pesquisadores foram convocados a estudar o problema e apresentar soluções amparadas na ciência.

Em apoio a tudo isso, recursos. Muito dinheiro foi destinado a um problema que era considerado prioridade zero. Das universidades saiu a famosa Teoria da Janela Quebrada: se há uma casa abandonada e alguém quebra uma janela, a tendência é que, em pouco tempo, as demais janelas, portas, telhado, paredes, também serão destruídos.

Trocando em miúdos: a violência não é nada mais, nada menos, do que uma janela quebrada da sociedade, onde as demais janelas, portas, paredes, telhado são os serviços públicos de educação, de saúde, de emprego, de cultura, de cidadania, de esporte, de lazer, de infraestrutura etc., com ações efetivamente preventivas que cortem o mal pela raiz. É ilusão pensar em fazer prevenção apenas com discurso; a prevenção terá que ser o resultado de ações concretas.

O Território da Paz anunciado pelo secretário Mizael Freitas poderá gerar bons resultados. Para isso, no entanto, não precisa inventar novamente a roda, é aproveitar a experiência bem sucedida de outros lugares e adaptá-la à realidade local. Algumas condições, entretanto, são imprescindíveis: a) Precisa amparar-se em dados científicos, que retratem a realidade dos fatos, e não apenas em relatórios técnicos que, não raras vezes, atendem mais a pressupostos políticos; b) É indispensável a participação ativa da comunidade, através de suas organizações; e não confundir participação com mera presença; participar ativamente significa ter voz e vez na condução do processo; c) Levar, como parte integrante do Território da Paz, as secretarias que possam desenvolver ações preventivas, concretas: educação, saúde, ação social, infraestutura, de cultura, de geração de emprego etc., com planos de trabalho e metas definidas em comum acordo com a população; d) Por fim, contar com a vontade política do governo do Estado para os necessários investimentos em qualificação do efetivo, inteligência e tecnologia.

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