Há um escândalo novo na praça. Antes de esmiuçá-lo, cite-se o padre Antônio Vieira:
''Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles''.
Pronto. Evolua-se agora para a nova encrenca.
Aliás, considerando-se o protagonista e o enredo, pode-se dizer que é um escândalo semi-novo.
No epicentro da confusão está o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, do DEM.
Trata-se daquele ex-senador que, em passado nem tão remoto, esteve pendurado nas manchetes em posição constrangedora.
Não lembra? Líder de FHC no Senado, Arruda, então filiado ao PSDB, acumpliciara-se a ACM, do ex-PFL, para violar o painel eletrônico do Senado.
Pois bem. Arruda está de volta ao noticiário político-policial. Suspeita-se que tenha reeditado na Câmara Legislativa do DF o mensalão.
No caso de Arruda, um mensalinho. Na essência, mais do mesmo: um esquema de troca de apoio legislativo por propinas.
Nesta sexta (27), munidos de autorização do STJ, agentes da PF foram às ruas. Deram batidas em 24 endereços –21 no DF, um em Goiânia e um em Belo Horizonte.
Recolheram-se papéis e computadores em escritórios e residências de 16 pessoas físicas e jurídicas. Coletaram-se também R$ 700 mil em moeda sonante.
Gente graúda: secretários do governo Arruda, deputados distritais e empresários. A coisa toda começou com uma delação premiada.
Chama-se Durval Barbosa o delator. Era, até esta sexta, secretário de Relações Institucionais do DF, uma espécie de coordenador político de Arruda. Foi demitido nesta tarde.
Barbosa aceitara grudar às roupas equipamentos de escuta ambiental. Fora a reuniões das quais participara o próprio governador.
Captaram-se áudios do barulho. Num deles, Arruda manda distribuir R$ 400 mil a deputados “aliados”. Noutra, manda pagar mais R$ 200 mil.
Entre os endereços varejados nesta sexta, estão as sedes de quatro fornecedores do governo do DF: Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet.
Suspeita-se que a grana tenha vindo daí. Vasculham-se os contratos que ligam essas empresas às arcas do GDF.
O caso foi ao STJ porque é esse o foro privilegiado do governador e dos secretários sob investigação. O relator é o ministro Fernando Gonçalves.
Candidato à reeleição, cotado também para vice do presidenciável tucano José Serra, Arruda passa a ter prioridades mais urgentes.
A política desce a um segundo plano na agenda do governador ‘demo’. Suas prioridades passam a ser policiais.
Retorne-se, por oportuno, ao padre Vieira: ''Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles''.
No escândalo do painel do Senado, Arruda renunciara ao mandato para escapar à cassação. Livrou-se de ficar inelegível.
O eleitorado de Brasília brindou-o com o mandato de governador. E a transgressão resultou num velho vício brasileiro: a impunidade.
A sucessão de escândalos que infelicitam a cena política, um se sucedendo ao outro, o caso anterior se enganchado ao novo, terminam por desafiar Darwin.
Se é verdade que o macaco está pendurado à nossa árvore genealógica, se é fato que saímos do Neandertal para chegar na Luana Piovani, até que evoluímos.
Mas quando se observa a reiteração da corrupção na política, tem-se a impressão de que, nessa área, viceja a teoria da involução.
Não fosse pela presença dos moderníssimos micro-gravadores que o assessor de Arruda usou para gravar o chefe, poderíamos jurar que algumas cenas são ambientadas em cavernas habitadas por hominídeos.
Escrito por Josias de Souza às 19h48
''Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles''.
Pronto. Evolua-se agora para a nova encrenca.
Aliás, considerando-se o protagonista e o enredo, pode-se dizer que é um escândalo semi-novo.
No epicentro da confusão está o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, do DEM.
Trata-se daquele ex-senador que, em passado nem tão remoto, esteve pendurado nas manchetes em posição constrangedora.
Não lembra? Líder de FHC no Senado, Arruda, então filiado ao PSDB, acumpliciara-se a ACM, do ex-PFL, para violar o painel eletrônico do Senado.
Pois bem. Arruda está de volta ao noticiário político-policial. Suspeita-se que tenha reeditado na Câmara Legislativa do DF o mensalão.
No caso de Arruda, um mensalinho. Na essência, mais do mesmo: um esquema de troca de apoio legislativo por propinas.
Nesta sexta (27), munidos de autorização do STJ, agentes da PF foram às ruas. Deram batidas em 24 endereços –21 no DF, um em Goiânia e um em Belo Horizonte.
Recolheram-se papéis e computadores em escritórios e residências de 16 pessoas físicas e jurídicas. Coletaram-se também R$ 700 mil em moeda sonante.
Gente graúda: secretários do governo Arruda, deputados distritais e empresários. A coisa toda começou com uma delação premiada.
Chama-se Durval Barbosa o delator. Era, até esta sexta, secretário de Relações Institucionais do DF, uma espécie de coordenador político de Arruda. Foi demitido nesta tarde.
Barbosa aceitara grudar às roupas equipamentos de escuta ambiental. Fora a reuniões das quais participara o próprio governador.
Captaram-se áudios do barulho. Num deles, Arruda manda distribuir R$ 400 mil a deputados “aliados”. Noutra, manda pagar mais R$ 200 mil.
Entre os endereços varejados nesta sexta, estão as sedes de quatro fornecedores do governo do DF: Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet.
Suspeita-se que a grana tenha vindo daí. Vasculham-se os contratos que ligam essas empresas às arcas do GDF.
O caso foi ao STJ porque é esse o foro privilegiado do governador e dos secretários sob investigação. O relator é o ministro Fernando Gonçalves.
Candidato à reeleição, cotado também para vice do presidenciável tucano José Serra, Arruda passa a ter prioridades mais urgentes.
A política desce a um segundo plano na agenda do governador ‘demo’. Suas prioridades passam a ser policiais.
Retorne-se, por oportuno, ao padre Vieira: ''Não é miserável a república onde há delitos, senão onde falta o castigo deles''.
No escândalo do painel do Senado, Arruda renunciara ao mandato para escapar à cassação. Livrou-se de ficar inelegível.
O eleitorado de Brasília brindou-o com o mandato de governador. E a transgressão resultou num velho vício brasileiro: a impunidade.
A sucessão de escândalos que infelicitam a cena política, um se sucedendo ao outro, o caso anterior se enganchado ao novo, terminam por desafiar Darwin.
Se é verdade que o macaco está pendurado à nossa árvore genealógica, se é fato que saímos do Neandertal para chegar na Luana Piovani, até que evoluímos.
Mas quando se observa a reiteração da corrupção na política, tem-se a impressão de que, nessa área, viceja a teoria da involução.
Não fosse pela presença dos moderníssimos micro-gravadores que o assessor de Arruda usou para gravar o chefe, poderíamos jurar que algumas cenas são ambientadas em cavernas habitadas por hominídeos.
Escrito por Josias de Souza às 19h48
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