sábado, 27 de agosto de 2022

UM GIGANTE COM CORAÇÃO DE PRESIDENTE

A intelectualidade orgânica de Lula frustrou aquele que fez pipoca para assistir a uma luta ideológica com cascas de banana pelo ringue

por Ricardo Mezavila

Para quem acompanhou de dentro e por perto a perseguição que o PT, Lula e Dilma sofreram do PIG (Partido da Imprensa Golpista), nas últimas décadas, a entrevista do ex-Presidente ao Jornal Nacional podia terminar logo no início, depois de Willian Bonner falar: “O sr. não deve nada à justiça”.

Depois disso foi a vez daqueles que não se interessam, não gostam, ou foram cooptados pelo sistema antipetista alimentado pela elite atrasada, assistirem a aula ‘aprenda a governar em quarenta minutos’, com o professor Luis Inácio Lula da Silva, torneiro mecânico, diplomado na vida.

Os entrevistadores foram jogados à condição de neutralidade pelo vigor do entrevistado. Trouxeram questões para desestabilizar, como foi com os outros dois, porém foi como se levantassem a bola para Lula cortar, ou colocassem na marca do pênalti para Lula bater. Nada, nenhum tema desequilibrou o ex-Presidente, porque ele traz o martírio de quem ficou 580 dias preso, dormindo e acordando abraçado com a verdade.

Se Bolsonaro contou mentiras para fortalecer o seu eleitorado e Ciro confundiu cabeças contando aventuras do grilo falante, Lula conseguiu furar a bolha e falar para o arrependido de 2018, para o isentão do sapatênis, para o indeciso lavajatista, para quem ainda não tem, e para quem não tem mais obrigação de votar.

Claro que faltou mergulhar em questões como a fome, lembrar da população saqueando caminhões de lixo a procura de ossos, das centenas de milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas se o governo tivesse sido minimamente responsável no combate à pandemia. 

A intelectualidade orgânica de Lula frustrou aquele que fez pipoca para assistir a uma luta ideológica com cascas de banana pelo ringue. O que se viu foi um gigante com coração de Presidente, representante de sua classe social originária, falando direto aos ouvidos de quem ainda tem esperança de viver em um país normal, com pessoas divergindo uma das outras, sem ódio.

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