quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

O TAPA DO PAPA


Por Fernando Brito

A turma do “prende-bate-tortura-esfola-mata”, nas redes sociais, atribui ao “comunismo” do Papa Francisco o tapa que deu na mão de uma fiel que o agarrou, puxou e recusou-se a largá-lo.

Claro que não foi a reação mais “correta” e Francisco hoje desculpou-se: “Muitas vezes perdemos a paciência. Isso acontece comigo também. Peço desculpas pelo mau exemplo dado ontem”.

Não é necessário falar da reação de um homem de 83 anos, subitamente puxado com força pela mão quando andava na direção inversa.

O mais significativo é verificar o quanto é natural e espontânea a rejeição de Francisco a gestos de idolatria, o que já demonstrou nas muitas vezes que tirou a mão da frente de visitantes que a pretendiam beijar.

É nisto que reside o significado da cena.

A condição humana dos papas, com o próprio Ratzinger diz a Francisco, num dos ótimos diálogos do filme “Dois Papas”.

E, paradoxalmente, embora não seja correto bater em alguém, creio que essa demonstração de falibilidade humana traz o Papa para mais perto das pessoas.

Afinal, não há cordeiro de Deus, daqueles que recolhem os pecados do mundo, que não dê suas marradas.

Quanto aos minions, aos hipócritas da fé com morte, basta perguntar se Francisco não estaria naquele excludente de ilucitude: escusável medo, surpresa ou violenta emoção. COMENTÁRIOS

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