O fim do profano
Nos primórdios era realizada em julho, por ser o dia 26
consagrado a Senhora Santana. Mas as chuvas do mês e a não interrupção das
aulas no meio do ano, não permitindo maior afluência de público, determinaram
sua mudança para o mês de janeiro. Antes de trocar julho por janeiro a festa
fez estágio no mês de setembro entre os anos 80 e 90 do século XIX. Assim
somente no começo do século XX ela passou para o mês de janeiro, excetuado as
de 1914 e 1919, realizadas em fevereiro.
Da
capela dos Olhos D’Água a festa passou para a capelinha do Padre Antonio
Tavares, o sacerdote que confessou Lucas. E no mesmo local da capelinha, onde
hoje se ergue a Catedral, Padre Ovídio de São Boaventura iniciou a construção
da Igreja da Matriz concluída por Monsenhor Tertuliano Carneiro e que outros
foram ampliando.
Desde
que surgiu, a Festa de Santana dividia-se em duas partes: a religiosa e a
profana. Além dos bandos anunciadores com jovens mascarados montados em seus
cavalos percorrendo as ruas anunciando mais uma festa, da parte profana tinha
também lavagem da igreja e a levagem da lenha.
A lavagem acontecia na quinta-feira que
antecedia a data magna. Homens, mulheres e crianças se dirigiam para a igreja
com latas, baldes e outros vasilhames e faziam a lavagem do templo. O trabalho
começava pela manhã e ao final, antes do entardecer, todos percorriam as ruas
com as latas na cabeça, animados por músicos locais.
A
levagem, nos mesmos moldes da lavagem passou a acontecer na terça-feira,
véspera da procissão. Ela teve sua origem no vai e vem das pessoas levando
lenha para a enorme fogueira que era acesa em frente da igreja durante os dias
da festa, quando a cidade ainda não tinha luz elétrica.
Em 1988
o bispo Dom Silvério decidiu separar os festejos litúrgicos em louvor a Santana
das manifestações profanas. Para dificultar a reação de Mãe Socorro, Zeca de Yemanjá
e demais defensores da parte profana,
voltou a comemorar a padroeira em julho, como acontecia em tempos idos,
Mesmo sendo chamado de “Zé
Festinha”, o prefeito José Falcão apoiou
o fim da festa em volta da igreja decretada pelo bispo. Ex-seminarista,
encaminhado na vida religiosa por Monsenhor Amilcar Marques, a decisão do
prefeito José Falcão não surpreendeu os mais antigos.
(O fim da parte profana foi capa da Panorama de 30 de dezembro de 1988)
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