Autor: Fernando Brito
2 de fevereiro de 2014 | 09:15
Observe, distinto leitor e gentil leitora, o gráfico aí de
cima.
É a ilustração da ótima matéria BC vai à Justiça cobrar R$
39,8 bi em multas de empresas e clubes de futebol , manchete de hoje do
Estadão.
E é, também, a prova mais escandalosa de que a editoria do
jornal crê que seus leitores sejam idiotas.
Os 12 clubes de futebol – velhos desencaminhadores de
recursos nas transações de compra e venda de passe de jogadores do e para o
exterior- que são exibidos com suas
dívidas milionárias somam, ali, uma provável sonegação de cerca de R$ 109
milhões.
A sonegação total apurada pelo Banco Central é de R$ 39,8
bilhões.
E, segundo a própria matéria, 126 empresas sonegadoras que
estão sendo punidas com essas multas por ilícito cambial concentram nada menos
do que R$ 26,2 bilhões deste débito.
É só ter terminado o ensino fundamental para saber que R$
109 milhões representam 0,416% destes R$
26,2 bilhões dos grandes sonegadores.
Fichinha.
Onde estão os outros 99,58%?
A matéria admite que são bancos e grandes empresas.
Anônimos, é claro.
O único “empresário” que aparece no texto, assim mesmo lá no
final, é Sérgio de Paulo Pacheco, que
está condenado a 28 anos de cadeia há
quase 20 anos, por estar metido nos escândalos de Arthur (des)Falk, com sua
corretora Interunion.
E uma cervejaria, a Schincariol, por delito anterior à sua
venda para os japoneses da Kirin. Os vendedores, os herdeiros Gilberto, Adriano
e Alexandre Schincariol, são todos ilustres frequentadores da lista de 124
bilionários do Brasil, segundo a revista Forbes.
Dois casos que não evitam uma conclusão inevitável: se são
126 os grandes devedores, porque o distinto público só pode saber de dois?
Por que os clubes de futebol – repito, useiros e vezeiros em
desviar dólares – são apresentados como sendo os grandes ralos , quando não
representam nem meio por cento das maiores dívidas?
Se o Estadão teve acesso a uma lista reservada e resolveu
divulga-la em nome do interesse público, não pode esconder uns e mostrar
outros.
E pior, esconder os maiores.
O Estadão está na obrigação de divulgar toda a lista dos
grandes devedores, sob pena de, com razão, estar “blindando” os sonegadores
“amigos”.
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