Marcelo Déda
Por Luis Nassif
Quando o delegado Romeu Tuma morreu, vetei qualquer
celebração de sua morte aqui no blog. Custou-me ataques de radicais
inescrupulosos.
Dá arrepio as celebrações pela morte do governador sergipano
Marcelo Deda. Na última vez que estive com ele, alguns anos atrás, mostrou-me
orgulhoso o filho caçula, com síndrome de Down, dizendo-me que era a alegria da
casa.
Independentemente do caráter das pessoas - e Deda era um
homem e político diigno - um dos poucos sentimentos que unem homens e animais é
o do constrangimento em relação a morte.
Anos de luta política
inclemente, com o exercício reiterado do ódio, criaram uma geração animalesca,
que se diz presente nas redes sociais celebrando a morte de um pai de família.
Por Mirane Albuquerque, pelo Facebook
há 10 minutos ·
Não me recordo qual era o ano, nem vou olhar no google.
Lembro-me bem quando o filho do ACM morreu, abruptamente, de um ataque
cardíaco. A despeito de todas as divergências políticas implicadas, meu
sentimento foi de choque. Uma pessoa jovem, deixando a família arrasada, uma
vida que não cumpriu todos o seu potencial, mesmo que uma parte significativa
deste fosse radicalmente contrário aos meus ideais. Senti pena vendo aquele
homem tão poderoso, de quem sempre discordei e de cujo legado discordo,
despido, naquele instante doloroso, de toda sua pompa. Era somente um pai,
destruído, ao lado do caixão do filho morto prematuramente.
Essa recordação hoje está muito presente, após ler os
comentários mais odiosos e torpes, em alusão à morte de Marcelo Déda. Também
houve inúmeros assim, quando outro dia foi a vez de Luiz Gushiken. E,
infelizmente, muitos haverá, talvez em breve, se José Genoino não aguentar o
tranco. Alguns anos atrás, teve gente comemorando o câncer de Lula e, depois,
de Dilma.
Eu pensava que sabia o que era ódio, mas descubro que não
sei. Quantas vezes eu disse "eu odeio" sem ter noção. Eu achava que
odiava meu pai, quando adolescente, toda vez que ele me proibia de ir a uma
festinha ou de namorar determinado garoto. Eu achava que odiava jiló. Eu achava
que odiava um ou outro namorado que me decepcionou. Eu achava que odiava este
ou aquele político contrário à minha ideologia. Eu achava que odiava amarelo.
Eu achava que odiava o Flamengo (rs).
Amadora, isso é o que eu sou, e sempre fui, em matéria de
ódio. Eu e, felizmente, "a torcida do Flamengo", como se diz, a
grande maioria do povo brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário