quinta-feira, 13 de junho de 2013

LEONARDO BOFF - SER RADICALMENTE POBRE PARA SER PLENAMENTE IRMÃO

Por Leonardo Boff


Uma das primeiras palavras do papa Francisco foi: “Gostaria de uma Igreja pobre para os pobres”. Este desiderato está na linha do espírito de São Francisco, chamado de Poverello, o Pobrezinho de Assis. Ele não pretendeu gestar uma Igreja pobre para os pobres, pois isso seria irrealizável dentro do regime de cristandade, onde a Igreja detinha todo o poder. Mas criou ao seu redor um movimento e uma comunidade de pobres com os pobres e como os pobres.

Em termos de extração de classe, Francisco pertencia à afluente burguesia local. Seu pai era um rico mercador de tecidos. Como jovem, liderava um grupo de amigos boêmios — jeunesse dorée — que viviam em festas e cantando os jograis do sul da França. Já adulto, passou por uma forte crise existencial. De dentro desta crise irrompeu nele uma inexplicável misericórdia e amor pelos pobres, especialmente, pelos hansenianos, incomunicáveis, fora da cidade. Largou a família e os negócios, assumiu a radical pobreza evangélica e foi morar com os hansenianos. O Jesus pobre e crucificado e os pobres reais foram os móveis de sua mudança de vida. Passou dois anos em orações e penitências, até que interiormente ouviu um chamado do Crucificado:”Francisco, vai e reconstrói a minha Igreja, que está em ruínas”.

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