A cadeia e as condições sub-humanas
"A moça tem o rosto de adolescente. De seus olhos negros e solitários, o medo, a angústia. Está na única cela destinada a mulheres na cadeia pública de Feira de Santana. Corro os olhos pelo interior escuro e fétido. Um odor forte de urina e fezes. Há muita umidade em torno desse quadrado de cimento coberto por uma camada de lodo. Um colchão de espuma, aos pedaços, é a cama. Ela recua para um canto, como um animal acossado. Mas logo entende que somos jornalistas.
Únicos objetos existentes: uma carteira de cigarros Hollywood e o livro "Papillon", de Henry Charrier. Uma única pergunta, ingênua, provoca-lhe um choro incontido. Tem os nervos à flor da pele. O carcereiro Pelé informa que a moça está alí há alguns dias." (Do suplemento especial do jornal A Tarde de sexta-feira, 16 de junho de 1978)
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