sábado, 20 de junho de 2009

TÚNEL DO TEMPO DOMINICAL


Não apenas na quadra nobre do comércio - Praças da Bandeira, João Pedreira, Sales Barbosa, Mal Deodoro, Cons Franco, Senhor dos Passos, etc, - mas também nos becos - Mocó, Inps, França, Vital, Bom Barato, etc, não faltavam os forrozeiros dando show em frente aos grandes e pequenos comércios, nos dias que antecediam as festas juninas na Feira de Santana dos anos 80.

LEMBRANÇAS JUNINAS (1981)
ABERTOS com grande programação comandada pelos frades capuchinhos, os festejos juninos – Santo Antonio, São João e São Pedro tomavam conta dos quatro cantos da cidade. Se aproximava o grande dia da fogueira do São João de 1981.

O FORRÓ na porta das lojas chamava a atenção dos fregueses e mais do que isso aumentava o movimento. Alguns estabelecimentos ficaram famosos no uso desta tática, entre eles no distante ano recordamos o “Mercadão das Malhas”.

NAQUELA festa junina não faltava o cidadão comum transformado em sanfoneiro como forma de ganhar alguns trocados. Vestido em trajes típicos e empunhando os instrumentos do forró, estava na Sales Barbosa, Mal. Deodoro, Praças da Bandeira e João Pedreira, etc.

GRUPOS profissionais também animavam as lojas do centro comercial. Entre estes, se destacava o conhecido “Os Três do Nordeste”, formado nos anos 60 pelos comerciantes, Francisco de Assis, José Bezerra e José Miranda.

VALE frisar que nos anos 80, já famoso, o grupo quase sempre era contratado para participar de concursos de quadrilhas promovidos pela Secretaria de Turismo. Mas se gabava mesmo era de ser o responsável pela animação do São Pedro do Feira Tênis Clube.

OUTRO grupo que também despertava a atenção era comandado pelo motorista Manuel Alves dos Santos que no mês de junho virava sanfoneiro. Com ele, formando o trio, trabalhavam o fotógrafo José Ferreira da Silva e o carroceiro Raul Carneiro.

O CLIMA junino fazia a alegria dos camelôs. No centro da cidade, em ruas como a Vitorino Gouveia, eles espalhavam de tudo: fogos, confecções, calçados, flores de papel crepom e chapéus enfeitados – até mesmo com tranças.

ENTRE os artigos predominantes nas calçadas destaque para os chapéus de palhas. Desde os mais simples, com uma saudação a São João pintada na aba, aos mais enfeitados ou com abas desfiadas. Existiam ainda os chapéus de papel crepom enfeitados geralmente com “areia prateada”, que eram destinados às crianças.

TAMBÉM colorindo as ruas os vendedores da “sorte”. Que vinha envolta no papel crepom em forma de cravos que as mulheres compravam para ofertar aos namorados. Ou em pequenos arranjos para cabelos que os homens ofertavam as suas “eleitas”.

ALGUMAS “sortes” nem sempre eram agradáveis tanto para quem ofertava como para quem recebia. Uma delas, por exemplo, dizia: “Teu falso príncipe encantado/Que conquistou teu amor/é gabola inveterado/barato conquistador.

NAQUELE ano, enquanto a satisfação era geral entre os camelôs, o mesmo não acontecia com os vendedores de fogos, instalados ao lado da antiga Avenida Anchieta, próximo a já desativada Estação da Leste, de onde só seriam transferidos muitos anos depois.

GOMES e Barbosa, como ainda hoje acontece, dominavam o comercio. Reclamavam das exigências da Policia Técnica, acompanhados por outros donos de barracas, entre eles o saudoso Manuel Nascimento, também conhecido como Mané Panela.

ALEGRIA também no Centro de Abastecimento, principalmente na área de baixo, em volta do galpão destinado para os hortifrutigranjeiros. Movimento intenso, caminhões chegando a todo instante, houve uma grande demanda dos gêneros característicos da época.

MESMO assim os consumidores não dispensavam a tradicional pechinha em busca de produtos mais baratos, notadamente os mais procurados, como milho verde, laranja e amendoim. Estivessem sendo vendidos na pedra, nas barracas e nos próprios caminhões.

SEM prejuízos para a rotina da cidade, as autoridades fixavam normas para os festejos juninos. Lembrando que “é melhor prevenir do que remediar”, o comandante Antonio Lopes Filho, do 1º BPM/FS lançou, por exemplo, a “Campanha de Esclarecimento”.

A NOTA do comandante começava dizendo que “seja evitada a colocação de qualquer substancia inflamável próximo à fogueira ou em local onde estejam sendo queimados fogos” e que deveria evitar-se soltar balões na zona urbana e nas proximidades do Cis.

POR SUA vez, Evaristo Leal, encarregado da Estação Rodoviária, tomando como base a semana anterior, previa a necessidade de colocar 20 ônibus em horários extras para atender as mais de quatro mil pessoas que sairão de Salvador com destino a Feira de Santana.

E NO MAIS, terça-feira, 23, finalmente o momento maior, o dia da fogueira de São João. Em todos os lares a mesa farta e na frente de cada residência uma enorme fogueira. Hoje, nos lares, apenas o essencial na mesa, mas na porta quase não se acende fogueira.

No Centro de Abastecimento, com pouco mais de dez anos de existencia o usuários achava de tudo pois lá estavam os feirantes vendando todos os produtos da época, uns produzidos aqui mesmo, outras vindos da região e até de outros Estados


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