Aloisio Resende
Em frente à casa branca e simples da fazenda,
Arde, de manso, em festa, a fogueira bizarra.
Quer foguete ou balão sobre os montes ascenda,
Da petizada explode a estrídula algazarra.
Tiram moças a sorte. A viola zanguizarra
Num canto da sala e, chula a chula, emenda.
Num canto da sala e, chula a chula, emenda.
Rodam pares febris. Trescala a flor na jarra,
Tentam seios romper dos casacos a renda.
Ferindo no ar, um rojão raivoso ruge e estoira,
Rouco ressoa após, de quebrada em quebrada.
Mal desponta da aurora a luz bondosa e loira,
No terreiro deserto, onde, a cismar, me vejo,
Contemplando a fogueira, aos restos, apagada,
Fito as cinzas, talvez, do meu próprio desejo!
* Do livro "ALOISIO RESENDE - POEMAS com ensaios críticos e dossiê", organizado por Ana Angélica Vergne de Morais, Cristiane de Magalhães Porto e Lucidalva Correia Assunção - Ufes
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