Por Fernando Brito
Vai ficando claro que, debaixo do manto de fidelidade canina
a Michel Temer, Rodrigo Maia liberou os inibidores de apetite mais do que no
setor farmacêutico.
Na Folha, diz-se que “a escolha de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ)
como relator do pedido de denúncia de Michel Temer na Comissão de Constituição
e Justiça é um aceno para o grupo que pode se beneficiar com a queda do
peemedebista”. Zveiter é, afirma o jornal,
aliado de Rodrigo Maia.
Lauro Jardim, em O Globo, é mais explícito. Fala que Maia já
faz as contas para assumir o cargo de presidente:
“Se a Câmara autorizar o STF a analisar a denúncia e a
maioria dos ministros torná-lo réu, Michel Temer será afastado por até 180
dias. Maia assumirá. Após esses seis meses, se o STF condenar Temer, Maia
governaria por mais 30 dias, podendo se candidatar na eleição indireta para
comandar o país até o fim de 2018. Seria, naturalmente, um dos candidatos mais
fortes.”
Como sonhar não custa nada e os tucanos estão num mato sem
cachorro, Lauro fala até em “reeleição” – trata-se de um caso inédito de
reeleição de quem não foi eleito.
Como na velha peça teatral, trair e coçar, é só começar.
E o povo brasileiro vai aprendendo que as ditas instituições
são feitas para usurpar seu direito a escolher seus governantes e a, de tempos
em tempos, julga-los. Deputados, senadores, promotores, juízes e ministros –
inclusive aqueles que andam a encontrar-se à socapa com seus réus – são quem
decide quem sobe e quem cai do poder e quem para lá vai em seu lugar.
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