Reposto aqui um poema de "O Livro das Ignorãças" de Manoel de Barros:
O mundo meu é pequeno, Senhor.
Tem um rio e um pouco de árvores.
Nossa casa foi feita de costas para o rio.
Formigas recortam roseiras da avó.
Nos fundos do quintal há um menino e suas latas
maravilhosas.
Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas
com aves.
Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os
besouros pensam que estão no incêndio.
Quando o rio está começando um peixe,
Ele me coisa
Ele me rã
Ele me árvore.
De tarde um velho tocará sua flauta para inverter
os ocasos.
A rã
(Caetano Veloso - João Donato)
Coro de cor sombra de som de cor de mal me quer
De mal me quer de bem de bem me diz
De me dizendo assim serei feliz
Serei feliz de flor de flor em flor
De samba em samba em som de vai e vem
De verde verde ver pé de capim
Bico de pena pio de bem-te-vi
Amanhecendo sim perto de mim
Perto da claridade da manhã
A grama a lama tudo é minha irmã
A rama, o sapo, o salto
De uma rã.
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