Por Renato Janine Ribeiro
Poderoso era, antigamente, alguém como Tancredo Neves ou os
políticos mineiros, que pensavam longamente nas consequências de seus atos e
não agiam afoitamente.
Hoje, poderoso(a) é quem age sem pensar nas consequências,
de maneira impetuosa, até irrefletida. Geralmente angariam admiração e sucesso.
Um exemplo é o prefeito Doria. Aumentar velocidade mesmo
contra pesquisas internacionais sérias, desalojar drogados mesmo contra
pesquisas internacionais sérias, em suma, fazer o que lhe dá na telha.
Consegue admiração e sucesso.
Tem futuro? Na briga anunciada entre criador e criatura,
Alckmin é o contrário dele. Não age à
la diable. Não que tenha uma política de segurança
admirável, longe disso. Mas sua marca é a cautela.
Agir mil vezes antes de pensar pode dar certo a curto prazo.
Trará a presidência? Essa receita serviu para Collor em 1989, servirá agora?
Doria aguentará um ano e meio se expondo? Alckmin, mais calmo, o comerá pelas
bordas?
Mas há a questão específica - Alckmin x Doria - e a questão
de fundo: por que gente sem limites está tendo, hoje, tanto espaço, é tão
chamada de "poderoso(a)"?
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