Candidata, Marina dificilmente será vitoriosa, mas deve confirmar Aécio no segundo turno
Leonardo Attuch
A morte trágica e precoce de Eduardo Campos reabriu a
temporada de especulações e apostas sobre a sucessão presidencial. Uma delas, a
de que Aécio Neves será atropelado pela provável candidata Marina Silva,
deixando o PSDB de fora do segundo turno. Outra, a de que até a presidenta
Dilma correria o risco de não participar da etapa decisiva da disputa.
A essa altura, enquanto ainda se chora a morte do líder do
PSB, e não se sabe nem se Marina será mesmo candidata, toda e qualquer previsão
pertence ao mundo da "chutometria". Mas, aos analistas políticos, não
cabe escolha e é inevitável tentar antecipar cenários.
Primeira questão: Marina será ou não candidata pelo PSB?
Tudo indica que sim, a menos que ela própria não queira. Mesmo com todas as dificuldades
de convivência entre membros da Rede e do PSB, que alternativa resta ao partido
que foi comandado por Campos? Se desistir da disputa, transmitirá ao público a
imagem de que se deixou cooptar pelo PT – o que seria o caminho para a ruína.
Lançando candidato, não há nome de peso disponível na legenda, a não ser
Marina. O que havia, Ciro Gomes, se bandeou para o Pros, em protesto contra a
candidatura de Eduardo.
A segunda questão é: que força terá a candidatura da
ex-senadora? Menor do que se imagina. Apesar de candidata, ela provavelmente
será sabotada por alas do PSB mais próximas ao PT ou ao PSDB. Governadores,
como Renato Casagrande, do Espírito Santo, e Camilo Capiberibe, do Amapá,
preferem Dilma Rousseff. O principal prefeito socialista, Marcio Lacerda, de
Belo Horizonte, é aecista.
Isso significa que Marina terá força eleitoral, mas pouca
capacidade de articulação política. O mais provável é que tenha mais votos do
que Eduardo Campos, que havia estacionado nos 10% nas pesquisas, e menos do que
os 19,6 milhões (19,33% dos válidos) obtidos por ela em 2010. Ou seja, algo no
meio do caminho, que talvez seja o bastante para garantir a presença de Aécio
no segundo turno.
A aposta numa avalanche de votos em Marina, que terá
pouquíssimo tempo de televisão, parece precipitada. Apesar da comoção, Campos
ainda era desconhecido de 40% dos brasileiros. E tanto PT quanto PSDB têm
eleitores cativos. Não será dessa vez que a polarização será quebrada.COMENTARIOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário