Hoje a jornalista Ana Helena Tavares escreveu:
Um dia triste para quem escolheu o jornalismo como forma de
luta e não como forma de luz. A sociedade do espetáculo se regozija com sua
própria desgraça. A República é apunhalada no dia de sua proclamação. E o
Brasil permanece o país do faz-de-conta. Tristes lentes as dos repórteres que
estão em frente à casa de Genoíno. Queriam registrar ali um palácio, mas só o
que veem é uma casa simples. As imagens serão achincalhadas pela História.
Daí abro a página da uol pra ver uma foto de Genoino postada
por uma amigo no Face e fico estarrecida com a desinformação da legenda:
Esta chamada e legenda devem entrar para a história da
vergonha alheia da fotolegenda do fotojornalismo. Daquelas imensas mesmo,
praticadas por aqueles da imprensa que não fazem a menor questão de lidar com a
realidade.
A ‘capa’ que o/a desinformado/a da UOL se refere é um painel
bordado por Rioco em 2005/2006 e simboliza a solidariedade dos companheiros que
visitaram Genoino quando ele passou um longo tempo sem sair de casa após o
achincalhe do jornalixo produzido pela grande mídia. Genoino, que sempre viveu
no mesmo bairro, não podia nem ir à padaria próxima a sua casa sem ser
hostilizado.
Rioco fez então muito pássaros, um para cada amigo que não o
abandonou, que não achou que a solidariedade fosse coisa privada. Rioco fez uma
releitura de Mario Quintana: ‘eles passarão, eu passarinho’.
Por isso Genoino se cobriu com este manto de solidariedade
de seus companheiros de luta e demonstração de amor da sua companheira de uma
vida inteira.
E UOL, pelo amor, deixa de ignorância, punhos cerrados
levantados para a geração da esquerda da década de 1960 é sinal de luta, de
resistência a tudo que vocês representam, seus energúmenos!
A dupla – Smith e John Carlos que levantou os punhos
serrados com luvas pretas, repetindo o gesto dos “panteras negras”. Naquele momento
a ação dos atletas simbolizava a luta pelos direitos civis dos negros
estadunidenses nos pódios olímpicos. Pelo ato político a dupla foi expulsa das
olimpíadas.
Não é gratuito, portanto, o fato de José Dirceu repetir o
mesmo gesto de sua geração ao ser preso no mesmo dia que Genoino.
Não é gratuito que Joaquim Barbosa tenha feito isso em 15 de
novembro.
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