sexta-feira, 15 de novembro de 2013

DIRCEU: "A PIOR INJUSTIÇA É AQUELA QUE A JUSTIÇA FAZ"

Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, fala pela primeira vez sobre o destino que o aguarda: "nenhuma prisão vai prender a minha consciência"; ele disse também que irá apresentar todos os recursos cabíveis, incluindo um pedido de revisão criminal à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA; ele afirma ainda que a sanha inquisitória pode se voltar contra a própria imprensa; "Os repórteres da TV Globo não podem sair às ruas para fazer suas matérias", diz ele
15 DE NOVEMBRO DE 2013 ÀS 14:37
247 - Da casa de campo em Vinhedo (SP), José Dirceu falou pela primeira vez sobre o novo destino que o aguarda: a prisão. Deve-se o furo à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo (leia aqui). "Eu não vou me dobrar. Eu vou continuar lutando. Nenhuma prisão vai prender a minha consciência", afirmou o ex-ministro da Casa Civil do governo Lula.
Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha, ele começará a cumprir, em regime semiaberto, a prisão decorrente da primeira sentença – no segundo caso, ainda há a hipótese de revisão nos embargos infringentes, mas ele anuncia a possibilidade de novos recursos. "Todos os recursos judiciais cabíveis serão propostos", disse ele. Seu advogado, José Luiz de Oliveira Lima, admite até o recurso à Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.
Acompanhado de três ex-mulheres e quatro filhos, Dirceu comentou o que considera uma "inquisição". "O que eu não posso aceitar é essa coisa medieval, de inquisição. Não basta as pessoas serem condenadas, elas têm que ser linchadas? Como é que publicam a foto da minha filha de 3 anos nos jornais? Isso é proibido em qualquer lugar do mundo, é o direito de uma menor", disse ele, referindo-se à foto em que aparece ao lado da filha Antonia, de três anos.
Dirceu, previu, inclusive, tempos sombrios. "Eu faço a disputa de peito aberto, mas esse tipo de linchamento eu não aceito." "Estão plantando o ovo da serpente. E a primeira vítima será a própria imprensa, os jornalistas. Foi assim em 1937, em 1964. Os que apoiaram foram os primeiros a sofrer depois." O ex-ministro também lembrou que, hoje, parte da população já se volta contra os meios de comunicação. "Os repórteres da TV Globo não podem sair às ruas para fazer suas matérias."
O réu mais notório da Ação Penal 470 se diz injustiçado e promete continuar lutando. "A pior injustiça é aquela que a Justiça faz", afirma. "Fui condenado sem provas".

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