terça-feira, 5 de novembro de 2013

CHOCALHO DE CASCAVEL NO SHOPPING, CRÔNICA DE FERNANDO PORTELA

Fernando Portela
A Cobra Corpórea era um ser encantado. Nada mais nada menos. Assim como uma fada europeia. Não, não. Era brasileira, mesmo, como o Boto Cor-de-Rosa ou o Saci-Pererê, os mais universais dos encantamentos nacionais, na minha opinião.

Só a viam os paranormais e as crianças de Recanto das Antas, um lugarejo perdido no sertão; eles se mostravam fascinados com o pequeno ser, de corpo de serpente e cabeça humana, aparentemente feminina, por causa dos longos cabelos, mas eventualmente andrógino. A voz, segundo os videntes, era de mulher, ou melhor, de pré-adolescente, de quase menina. De qualquer forma, esse talvez fosse o detalhe menos polêmico da Chocalho descrição do ser. Meu trabalho é estranho: sou jornalista ateu, racional, não acredito em nada dessas coisas, mas trabalho para quem acredita e assim, como profissional sério, devo ser o mais preciso possível nas descrições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário