A Copa é apenas mais uma campanha publicitária global
Por João Paulo Cunha
Não vou assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo. E não
é por motivos políticos. A Copa de 1970 mostrou que o futebol não pertencia à
ditadura militar, mas ao povo. Muita gente se sentiu dividida naquela época.
Afinal, fizeram de tudo para colocar os méritos da Seleção na conta do regime.
Slogans canalhas, musiquinhas ridículas e clima de país que vai pra frente
enquanto o pau comia. Ficaram, no entanto, para a história, dois exemplos: a
coragem da resistência e da luta pela liberdade e as conquistas da arte do
esporte popular.
Agora a situação mudou. O Estado de exceção permanece, mas o
esporte parece ter perdido os laços mínimos com a alma brasileira. Pelo menos
com a minha. Não vejo mais a menor graça no futebol, seduzido pelos interesses
do mercado global, tocado à base de corrupção, capitaneado pelos interesses dos
países ricos, subjugado ao mercado das empresas de comunicação e da publicidade
de toda natureza. A Copa é apenas mais uma campanha publicitária global. O que
a ditadura não alcançou, o neoliberalismo consagrou.
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