quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O PARAÍSO É O DA TUIUTI, O INFERNO É O DA DIREIT

Por Fernando Brito

O velho Briza, na sua sabedoria atávica, falava de algo que os bobalhões da teoria não conseguem entender.

O processo social.

Hoje, almoçando tardiamente num “a quilo”- num bairro de classe média reacionária – a tevê transmitia o julgamento dos desfiles de carnaval e dois sujeitos torciam, um pela Beija-Flor  outro pelo Salgueiro e ambos concordavam que a Paraíso do Tuiuti deveria ser a campeã do Carnaval.
Todos eles sabiam que não seria ela a vitoriosa e se surpreenderam de ter perdido por apenas um décimo.

Mesmo torcendo por suas escolas “grandes”, reconheciam que  a escola do “não sou escravo de nenhum senhor” era a vitoriosa real.

Nem falo de “armação”, pois o julgamento de uma escola por “quesitos” é como avaliar a beleza de um corpo esquartejado.

O fato é que o enredo, o samba e o desfile tiveram um sentido atávico também.

Nada do que é dito ali, de forma racional, teria mobilizado multidões.


A arte mexe com isso, com o que está aquém e, sobretudo, além da racionalidade.


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