Por Fernando Brito
O velho Briza, na sua sabedoria atávica, falava de algo que
os bobalhões da teoria não conseguem entender.
O processo social.
Hoje, almoçando tardiamente num “a quilo”- num bairro de
classe média reacionária – a tevê transmitia o julgamento dos desfiles de
carnaval e dois sujeitos torciam, um pela Beija-Flor outro pelo Salgueiro e ambos concordavam que
a Paraíso do Tuiuti deveria ser a campeã do Carnaval.
Todos eles sabiam que não seria ela a vitoriosa e se
surpreenderam de ter perdido por apenas um décimo.
Mesmo torcendo por suas escolas “grandes”, reconheciam
que a escola do “não sou escravo de
nenhum senhor” era a vitoriosa real.
Nem falo de “armação”, pois o julgamento de uma escola por
“quesitos” é como avaliar a beleza de um corpo esquartejado.
O fato é que o enredo, o samba e o desfile tiveram um
sentido atávico também.
Nada do que é dito ali, de forma racional, teria mobilizado
multidões.
A arte mexe com isso, com o que está aquém e, sobretudo,
além da racionalidade.
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